AS GÊMEAS (Crônica de Aniversário da Karina e da Camila)
- Crônica do dia 13-12-2018-
- Oh tia... A senhora vai trazer as “nenéns” esse sábado?
- Ai Cici, vou ver... A gente tá trabalhando muito na batata.
- E a senhora vai trazer batata tia? Eu gosto tanto da sua batata...
- Levo sim Ci... Se eu for eu levo sim...
Era o “lenga lenga” de toda semana no telefone da casa da tia Antônia, que era uma das poucas moradoras do Jardim Arco-Íris que tinham telefone, naquela época.
A nossa relação de primos era mais pra irmãos, do que pra qualquer outra coisa. A gente estava sempre junto!
Desde tudo o que aconteceu em minha vida, fica difícil imaginar, qualquer momento, nela, em que não estivéssemos juntos. Pelo o menos até a minha ida para a Alagoas.
Fico lembrando de um caminhão que trocava pintinhos por garrafas vazias.
A gente SEMPRE juntava garrafas para trocar por aqueles pintinhos de vida curta. Que a gente vivia tentando criar, pra ver se eles cresciam até virar uma galinha que botasse ovos. Sonhávamos comendo os ovos dessas galinhas imaginárias.
Lembro que em todos os pintinhos a gente colocava um nome. Foge da memória qual foi a vez, que o ritual tenha sido abandonado.
As gêmeas, como muitos costumavam chamars até certo período da adolescência, enquanto as duas ainda faziam, praticamente, tudo juntas, eram as minhas grandes aliadas.
A gente sempre tinha uma missão fantástica pra resolver. Desde criar pintinhos, a construir barracas com cobertores, ou mesmo produzir cartõezinhos para vender na calçada.
Sempre tivemos ideias empreendedoras!
Limonadas, cartões, conjuntos musicais, cartas para o SBT para tentar entrar para a novela Chiquititas. Sempre era uma aventura!
Mas os pintinhos, acho que eram a aventura mais constante! Por que era uma coisa de superação... Ué!
A gente sabia que de um ovo chocado, saia um pintinho, que como as crianças, cresciam, se casavam e tinham filhinhos. E a gente sabia, que os pintinhos saiam dos ovos que as galinhas chocavam.
Fizemos pesquisas e diversos debates sobre a reprodução das galinhas! E isso envolveu pesquisa de campo com criadores, inclusive na granja que nossas mães iam comprar frango abatido na hora.
E falaram de lâmpada, falaram de toalha, caixa de papelão e etc. Um processo empírico sem fim!
Quando não morriam de uma coisa, morriam de outra. E era sempre uma decepção.
Aí a gente fez uma reunião estratégica no campinho na frente de casa.
Pegamos tudo o que precisávamos, gravetos, pedras e tijolos. Tijolos para sentarmos e pedras e gravetos para riscarmos a estratégia no chão de terra.
O que é que você acha Karina?
- Olha, eu percebi que o Bilu, quando morreu, ele tava se tremendo, e tava todo molhado. Eu acho, que ele pegou uma gripe e morreu. Minha mãe falou que pintinho morre de gripe.
- Não Karina, ele pode ter se mijado também! - Disse a Camila.
- É, o paninho tava com cheiro de mijo mesmo... A gente tem que arrumar um jeito de deixar ele seco! – Eu propus.
- Tá, mas como vai deixar ele seco? Se a gente enrola num pano e ele se mija todo? – Retrucou a Karina.
- Já sei, a gente põe uma fraldinha nele! – Sugeriu a Camila.
- Tá Camila, e onde a gente arruma fralda de pintinho? – Eu questionei.
- Bota uma lâmpada perto deles, que eles ficam quentinhos, aí não precisa da toalha é só colocar um jornal!
- Éeee Tio Tonho! – A gente gritou em coro.
Funcionou! O Tio Tonho fez uma gambiarra com a lâmpada e colocou o último pintinho numa caixa de papelão. ELE CRESCEU!
Tava virando um frangote bonito, meio bege, meio branco, amarronzado, e nós três estávamos super orgulhosos da nossa criação. ELE VIVEU!
Depois de mais de um ano consecutivo, tentando fazer UM ÚNICO pintinho, ao menos, sobreviver, havíamos conseguido!
E estávamos brincando de cadeira de balanço na área da minha casa, e ele resolveu se aventurar entre os metais do balanço da cadeira da Camila.
- Camila!!! Segura a cadeir... – Gritamos, nós dois.
Bom... Pelo o menos esse morreu de burrice, não de maus tratos...
Graciliano Tolentino
- Crônica do dia 13-12-2018-
- Oh tia... A senhora vai trazer as “nenéns” esse sábado?
- Ai Cici, vou ver... A gente tá trabalhando muito na batata.
- E a senhora vai trazer batata tia? Eu gosto tanto da sua batata...
- Levo sim Ci... Se eu for eu levo sim...
Era o “lenga lenga” de toda semana no telefone da casa da tia Antônia, que era uma das poucas moradoras do Jardim Arco-Íris que tinham telefone, naquela época.
A nossa relação de primos era mais pra irmãos, do que pra qualquer outra coisa. A gente estava sempre junto!
Desde tudo o que aconteceu em minha vida, fica difícil imaginar, qualquer momento, nela, em que não estivéssemos juntos. Pelo o menos até a minha ida para a Alagoas.
Fico lembrando de um caminhão que trocava pintinhos por garrafas vazias.
A gente SEMPRE juntava garrafas para trocar por aqueles pintinhos de vida curta. Que a gente vivia tentando criar, pra ver se eles cresciam até virar uma galinha que botasse ovos. Sonhávamos comendo os ovos dessas galinhas imaginárias.
Lembro que em todos os pintinhos a gente colocava um nome. Foge da memória qual foi a vez, que o ritual tenha sido abandonado.
As gêmeas, como muitos costumavam chamars até certo período da adolescência, enquanto as duas ainda faziam, praticamente, tudo juntas, eram as minhas grandes aliadas.
A gente sempre tinha uma missão fantástica pra resolver. Desde criar pintinhos, a construir barracas com cobertores, ou mesmo produzir cartõezinhos para vender na calçada.
Sempre tivemos ideias empreendedoras!
Limonadas, cartões, conjuntos musicais, cartas para o SBT para tentar entrar para a novela Chiquititas. Sempre era uma aventura!
Mas os pintinhos, acho que eram a aventura mais constante! Por que era uma coisa de superação... Ué!
A gente sabia que de um ovo chocado, saia um pintinho, que como as crianças, cresciam, se casavam e tinham filhinhos. E a gente sabia, que os pintinhos saiam dos ovos que as galinhas chocavam.
Fizemos pesquisas e diversos debates sobre a reprodução das galinhas! E isso envolveu pesquisa de campo com criadores, inclusive na granja que nossas mães iam comprar frango abatido na hora.
E falaram de lâmpada, falaram de toalha, caixa de papelão e etc. Um processo empírico sem fim!
Quando não morriam de uma coisa, morriam de outra. E era sempre uma decepção.
Aí a gente fez uma reunião estratégica no campinho na frente de casa.
Pegamos tudo o que precisávamos, gravetos, pedras e tijolos. Tijolos para sentarmos e pedras e gravetos para riscarmos a estratégia no chão de terra.
O que é que você acha Karina?
- Olha, eu percebi que o Bilu, quando morreu, ele tava se tremendo, e tava todo molhado. Eu acho, que ele pegou uma gripe e morreu. Minha mãe falou que pintinho morre de gripe.
- Não Karina, ele pode ter se mijado também! - Disse a Camila.
- É, o paninho tava com cheiro de mijo mesmo... A gente tem que arrumar um jeito de deixar ele seco! – Eu propus.
- Tá, mas como vai deixar ele seco? Se a gente enrola num pano e ele se mija todo? – Retrucou a Karina.
- Já sei, a gente põe uma fraldinha nele! – Sugeriu a Camila.
- Tá Camila, e onde a gente arruma fralda de pintinho? – Eu questionei.
- Bota uma lâmpada perto deles, que eles ficam quentinhos, aí não precisa da toalha é só colocar um jornal!
- Éeee Tio Tonho! – A gente gritou em coro.
Funcionou! O Tio Tonho fez uma gambiarra com a lâmpada e colocou o último pintinho numa caixa de papelão. ELE CRESCEU!
Tava virando um frangote bonito, meio bege, meio branco, amarronzado, e nós três estávamos super orgulhosos da nossa criação. ELE VIVEU!
Depois de mais de um ano consecutivo, tentando fazer UM ÚNICO pintinho, ao menos, sobreviver, havíamos conseguido!
E estávamos brincando de cadeira de balanço na área da minha casa, e ele resolveu se aventurar entre os metais do balanço da cadeira da Camila.
- Camila!!! Segura a cadeir... – Gritamos, nós dois.
Bom... Pelo o menos esse morreu de burrice, não de maus tratos...
Graciliano Tolentino