REFLEXÕES

Hoje começo querendo fazer algumas reflexões. Só não sei bem ao certo onde é que elas me levarão. Poderão soar piegas e cheias de frases comuns. Românticas e desencantadas. Mas eu preciso fazer isso, vou correr esse risco. Talvez isso me faça voltar no tempo, pois têm a ver com o fato de eu buscar respostas para coisas que eu não entendo, mas que andam a me incomodar. Eu preciso arrancar de mim isso que estou sentindo agora. Tirar a roupa, tirar a pele, os cabelos. Mudar o jeito de ser, o tom de voz, as atitudes...

Vou arrancar metade do meu corpo. Isso como consequência da vontade de querer mudar radicalmente, por pura opção, ou porque esse incômodo me impele para isso. Esse corpo me pesa! Daí, preciso arrancar velhos costumes, arrancar velhos sentimentos. Tirar um pedaço de mim, dessa inércia que às vezes se apodera de nós. Essa metade é lixo acumulado: são ações, fatos, pessoas, acontecimentos que estão grudados à pele e nos fazem ocupar espaços indevidos. Chega... Vou me desfazer. Quero um novo corpo, que seja hospedeiro.

Vou arrancar o coração e tentar limpá-lo. Tirar dele sentimentos inúteis, sentimentos que fazem diminuir os batimentos; sentimentos que ficam ali, doendo. Limpar tudo, varrer, ordenar os espaços. Tirar pessoas, sensações, lugares, projetos de vida, paixões inacabadas. Deixar limpo para um recomeço, um novo tempo. Arrancar e jogar fora... Quero coração leve, livre, solto, pulsante.

Vou arrancar sonhos que ficaram em mim e não se concretizaram. Sonhos que a princípio seriam construídos juntos, mas que, por sei lá qual motivo, qual gesto ou atitude, nossa ou de alguém, ficaram pelo caminho. Não se realizaram porque faltou empenho, disposição, parceria, cumplicidade. Esquece... Vamos para novos sonhos, novos ideais e projetos, agora em coautoria.

O fato de eu pertencer a tudo e não caber em lugar algum tornou-se-me insuportável, exigindo de mim um recomeço. Ressurgir, qual Fênix, para um novo tempo. Tudo diferente. Sem marcas indeléveis. Sem presságios, seguir em frente refeito, revigorado. Recomeçar do zero, livre de amarras e grilhões do passado. Sentimentos novos construídos também em coautoria.

Chega, chega de sofrer por conta da solidão. Vamos optar por estarmos, temporariamente, sozinhos. Porém, mais convictos de que poderemos, num outro momento, compartilhar. Compartilhar um abraço, uma amizade, uma paixão, um amor, um vício. Chega de quem nos tira a solidão e não nos faz companhia. Quero pertencimento.

Peluro
Enviado por Peluro em 12/12/2018
Código do texto: T6525335
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.