ODEIO FRESCURAS
O titulo é um tanto forte, apelativo, enfim...
Talvez o correto seria:Não estou preparado para tantas "delicadezas".
Dia desses,ao final da tarde,faltavam uns 20 minutos para que meu ônibus passasse.
[ Eu...Nas proximidades do ponto em que costumo tomar o busão ]
Bateu a fome.
A primeira porta que encontrei foi de um estabelecimento recém inaugurado ( uma franquia,se não me engano)
Ambiente chiquérrimo !
Assim que adentrei,observei ao lado direito,duas senhoras (chiquérrimas) comendo algo que "nunca vi, não comi e sequer tinha ouvido falar".
Olhei de revesgueio e o sexto sentido confabulando com meus botões,ouviu destes a afirmação:
-Deve ser coisa boa ! gordo !!!
Me dirigi até o envidraçado e afrescalhado balcão e apontei para um "Kirche" (não sei se é assim que se escreve,mas é assim que pronuncia-se) de frango,queijo e outras amenidades do gênero.
Uma moça chiquérrima ! atendeu-me ,convidou-me a tomar assento numa das mesas igualmente chiques até que o produto passasse por um processo de aquecimento.
Sentei-me ali, e com cara de natureza morta fui espiando através do vidro a paisagem ao lado de fora,por sinal deslumbrante naquele dia.
Os ponteirinhos correndo,as senhoras chiquérrimas fofocando baixinho (eu louco pra saber qual era o babado e...Sem chance)
A cada fração de segundo olhava para o celular conferindo o horário que ia se reduzindo até que eu tomasse a minha condução.
Faltavam 3 minutos,e nada do dito "Kirche".
(Devem estar construindo um fogão de barro com chaminé de tijolos ao lado de fora para aquecerem o teu pedido,alfinetaram-me os sempre "engraçadinhos" botões)
Levantei-me,passei pelo moço do caixa,igualmente elegantérrimo,enxarcado de Natura,e educadamente me desculpei dizendo que não teria como esperar o solicitado.
A resposta veio num misto de educação desdenho e menosprezo:
-Sem problemas,senhor. Volte sempre !
Apressado,com o estômago vazio,ganhei a rua refletindo com meus botões.
(Sempre eles ! - os botões- Fazer o quê?)
-Aqui Farroupilha ! Aqui que nóis vorta !!! Podem esperar sentados,"Coisarada !"
Aí começei lembrar dum outro estabelecimento em que costumo fazer uns lanches na hora do almoço.
Ambiente fino,atendimento ótimo,clientela de todo tipo.
Ali, sem frescuras a gente pede:
Capriche no sanduichão que hoje eu estou com uma fome cavalar !
Não demora e um sanduba no capricho nos é entregue por atendentes simpáticas,sem frescuras.
Hoje, até parece que é sina, faltando os mesmos vinte minutos para tomar o ônibus:
Ao lado do ponto,abriu recentemente um quiosque de sorvetes.
Sorvetes finos,não resta dúvida,mas a frescurite até que essa"finesse" chegue ao cliente é algo impressionante.
Era o segundo sorvete que um menino(filho de rico,pela aparência) solicitava ao rapaz do quiosque.
Dedicado e atencioso,o rapaz manuseava duas espátulas,espatifando as variedades de frutas que iriam juntar-se à massa do sorvete.
Nesse meio tempo,apanhei o menu e solicitei um sorvete de abacaxi.Seria só a massa,sem as viadagens que costuma-se colocar sobre o potinho.
-Um momento,senhor.Assim que eu termine o sorvete do garoto,sirvo-lhe o seu.Vais adorar! Abacaxi é lançamento por aqui e muito gostoso,realmente !
(Em pensamentos antevi o sabor da massa na ardente tarde deste dezembro de fornalha)
O tempo passando uma vez mais, e o sorvete do garoto,sequer estava pronto.
-Queres cobertura? Pergunta o sorveteiro.
Sim! Morango.Responde o garoto.
Ah ! Quero Nutela também,e crocantes não sei das quantas,duas amoras e mais alguma coisa de que não me recordo.
Assim que foi repassado ao menino aquele pote invejável,as duas mãos do moço ciaram de pau em cima do abacaxi que faria a minha alegria.
A essa hora ,porém,o buzão já dava o ar da graça na primeira esquina.
Voltei-me para o rapaz e desculpando-me deixei o sorvetão para uma proxima oportunidade.
Já a caminho de casa,seco de vontade do produto,passei a relembrar aquelas antigas sorveterias onde o dono ou a dona do estabelecimento,para atender a nossos pedidos,empinavam os generosos travesseiros de suas regiões glúteas (Todo proprietário de sorveteria é sempre gordo)e mergulhados de cabeça freezer à dentro perguntavam:
-Quantas bolas?
A resposta geralmente era:
Três !
Aquela colher libidinosa introduzia-se naquele mundo de massa e em segundos vinha um cascão com tres sabores.
A gente se refrescava,sem frescura.
Talvez eu não esteja preparado para tanto modernismo,mas até que me afrescalhe vai levar tempo.
A essa altura do campeonato...Acho bem provável que ainda morra capiau.
O titulo é um tanto forte, apelativo, enfim...
Talvez o correto seria:Não estou preparado para tantas "delicadezas".
Dia desses,ao final da tarde,faltavam uns 20 minutos para que meu ônibus passasse.
[ Eu...Nas proximidades do ponto em que costumo tomar o busão ]
Bateu a fome.
A primeira porta que encontrei foi de um estabelecimento recém inaugurado ( uma franquia,se não me engano)
Ambiente chiquérrimo !
Assim que adentrei,observei ao lado direito,duas senhoras (chiquérrimas) comendo algo que "nunca vi, não comi e sequer tinha ouvido falar".
Olhei de revesgueio e o sexto sentido confabulando com meus botões,ouviu destes a afirmação:
-Deve ser coisa boa ! gordo !!!
Me dirigi até o envidraçado e afrescalhado balcão e apontei para um "Kirche" (não sei se é assim que se escreve,mas é assim que pronuncia-se) de frango,queijo e outras amenidades do gênero.
Uma moça chiquérrima ! atendeu-me ,convidou-me a tomar assento numa das mesas igualmente chiques até que o produto passasse por um processo de aquecimento.
Sentei-me ali, e com cara de natureza morta fui espiando através do vidro a paisagem ao lado de fora,por sinal deslumbrante naquele dia.
Os ponteirinhos correndo,as senhoras chiquérrimas fofocando baixinho (eu louco pra saber qual era o babado e...Sem chance)
A cada fração de segundo olhava para o celular conferindo o horário que ia se reduzindo até que eu tomasse a minha condução.
Faltavam 3 minutos,e nada do dito "Kirche".
(Devem estar construindo um fogão de barro com chaminé de tijolos ao lado de fora para aquecerem o teu pedido,alfinetaram-me os sempre "engraçadinhos" botões)
Levantei-me,passei pelo moço do caixa,igualmente elegantérrimo,enxarcado de Natura,e educadamente me desculpei dizendo que não teria como esperar o solicitado.
A resposta veio num misto de educação desdenho e menosprezo:
-Sem problemas,senhor. Volte sempre !
Apressado,com o estômago vazio,ganhei a rua refletindo com meus botões.
(Sempre eles ! - os botões- Fazer o quê?)
-Aqui Farroupilha ! Aqui que nóis vorta !!! Podem esperar sentados,"Coisarada !"
Aí começei lembrar dum outro estabelecimento em que costumo fazer uns lanches na hora do almoço.
Ambiente fino,atendimento ótimo,clientela de todo tipo.
Ali, sem frescuras a gente pede:
Capriche no sanduichão que hoje eu estou com uma fome cavalar !
Não demora e um sanduba no capricho nos é entregue por atendentes simpáticas,sem frescuras.
Hoje, até parece que é sina, faltando os mesmos vinte minutos para tomar o ônibus:
Ao lado do ponto,abriu recentemente um quiosque de sorvetes.
Sorvetes finos,não resta dúvida,mas a frescurite até que essa"finesse" chegue ao cliente é algo impressionante.
Era o segundo sorvete que um menino(filho de rico,pela aparência) solicitava ao rapaz do quiosque.
Dedicado e atencioso,o rapaz manuseava duas espátulas,espatifando as variedades de frutas que iriam juntar-se à massa do sorvete.
Nesse meio tempo,apanhei o menu e solicitei um sorvete de abacaxi.Seria só a massa,sem as viadagens que costuma-se colocar sobre o potinho.
-Um momento,senhor.Assim que eu termine o sorvete do garoto,sirvo-lhe o seu.Vais adorar! Abacaxi é lançamento por aqui e muito gostoso,realmente !
(Em pensamentos antevi o sabor da massa na ardente tarde deste dezembro de fornalha)
O tempo passando uma vez mais, e o sorvete do garoto,sequer estava pronto.
-Queres cobertura? Pergunta o sorveteiro.
Sim! Morango.Responde o garoto.
Ah ! Quero Nutela também,e crocantes não sei das quantas,duas amoras e mais alguma coisa de que não me recordo.
Assim que foi repassado ao menino aquele pote invejável,as duas mãos do moço ciaram de pau em cima do abacaxi que faria a minha alegria.
A essa hora ,porém,o buzão já dava o ar da graça na primeira esquina.
Voltei-me para o rapaz e desculpando-me deixei o sorvetão para uma proxima oportunidade.
Já a caminho de casa,seco de vontade do produto,passei a relembrar aquelas antigas sorveterias onde o dono ou a dona do estabelecimento,para atender a nossos pedidos,empinavam os generosos travesseiros de suas regiões glúteas (Todo proprietário de sorveteria é sempre gordo)e mergulhados de cabeça freezer à dentro perguntavam:
-Quantas bolas?
A resposta geralmente era:
Três !
Aquela colher libidinosa introduzia-se naquele mundo de massa e em segundos vinha um cascão com tres sabores.
A gente se refrescava,sem frescura.
Talvez eu não esteja preparado para tanto modernismo,mas até que me afrescalhe vai levar tempo.
A essa altura do campeonato...Acho bem provável que ainda morra capiau.