Crônica A Tia Marica e a Metrificação
Crônica A Tia Marica e a Metrificação
A tia Marica tinha um ouvido afinado para métrica e quando eu lia um verso de Augusto dos Anjos ela me reclamava porque eu dizia o verso errado sobretudo a métrica e o verso perdia toda a beleza. A minha tia tinha o bom gosto pela leitura e sobretudo por bons versos e pelos sonetos de Raimundo Correa de Cruz e Sousa de Olavo Bilac como também os poemas de Castro Alves o poeta dos escravos. Devo tudo a esta minha tia que amava tanto os livros que pegava no sono lendo. Ela me dizia que tinha horror aos versos de Carlos Drumond de Andrade, aquilo parecia mais uma tolice do que arte pura. Ela nunca me incentivou a ler Ferreira Gullar nem Carlos Drumond e muito menos o senho João Cabral de Melo Neto. A minha tia era uma leitora assídua de Bilac de Cruz e Sousa Cesário Verde e mormente Antero de Quental. Quando eu encetei a poetar eu não tinha muita segurança na métrica e muito menos na rima. Métrica e rima não são poesia contudo, completam a beleza da boa poesia da poesia agradável para o ouvido afinado e para a arte da palavra. Eu não me preocupo se sou gênio se sou Victor Hugo, ou Gustavo Flaubert eu me preocupo em criar e dizer o que é puro sem plagiar ninguém como muita gente tem feito. A tia Marica morreu entretanto deixou este legado dentro de mim que é o bom gosto pela boa leitura e pela métrica perfeita e pelo verso puro.