Pescaria

Comecei a frequentar o Clube de Campo de Sorocaba há pouquíssimo tempo. Como meu trabalho como professora me ocupava os três períodos do dia de maneira integral, eu nem pensava num momento de diversão para mim, ao contrário: trabalhava muito durante a semana e aos fins de semana eu queria mesmo era dormir.

Mas com a aposentadoria de um dos cargos chegando, pensei um pouco na qualidade de vida e me associei.

Meu filho aficionado por pesca, de imediato começou a frequentar o pesqueiro do clube e começou a me levar junto. Admito que gostei bastante da “arte de pescar”. Ultimamente, até tirar o anzol da boca dos peixes eu estava conseguindo (dos pequenos, claro!), mas ainda não consegui colocar a mão em nenhum deles. Quem sabe um dia...

Certa tarde, meu filho e meus sobrinhos, foram se aventurar novamente e talvez bater o recorde de pescarem o peixe mais pesado. Fui junto. Estava tudo muito bom, até a hora em que comecei a reclamar da vara que me deram: uma de mão, bastante simples, de 1 ½ m. Confesso que eu não estava muito contente com aquilo não, afinal por mais longe que eu atirasse a linha, ela ficava bem na beirada, quase na lama do lago mesmo.

Cansado de ouvir minhas reclamações, meu sobrinho mais novo me cedeu a linda vara que tinha levado: grande, com carretilha e quando lançada ia parar bem no meio do lago. Ah, era tudo o que eu queria...

Depois de todas as explicações necessárias (porque para mim tudo tem que ser explicado nos mínimos detalhes e mesmo assim tenho certas dificuldades de entendimento) peguei o instrumento e lancei a linha bem lá no meinho. Foi um êxtase! Claro que não peguei peixe algum, mas só de sentir que tinha conseguido tal proeza já me senti a maior das pescadoras. Agora eu entendia de pescaria!

Tão absorta fiquei naquele gesto de colocar a isca, segurar a linha com o dedo indicador, soltá-la e senti-la ir tão longe que não dei muita importância aos avisos do meu filho de que eu estava correndo o risco de cair no lago, pois meus pés não estavam apoiados adequadamente. Pois é! Na terceira vez em que lancei a linha ao longe, meu pé esquerdo escorregou e ao tentar me apoiar com o pé direito, ele também não me sustentou. Simplesmente caí sentada dentro do lago, ficando só com minha cabeça para fora...

Fui retirada imediatamente de lá de dentro, pois meus sobrinhos e meu filho sabem do pavor que tenho de água. Não sei nadar e me afogo em uma poça. Não posso descrever o que senti no momento em que saí. Crise de riso nervosa, sem dúvida! Os pescadores ao meu lado vendo que já tinha sido resgatada e estava em segurança foram extremamente complacentes fazendo de conta que não presenciaram aquele fato tragicômico. Deixei meu casaco ( estava uma tarde fria) esticado na grama tomando um pouco de sol e lá fui eu, inteira pingando para o carro e tendo que aguentar a zombaria dos meus sobrinhos que me acompanhavam. Estreei bem como pescadora. Ah, o meu filho? Continuou sua pescaria como se nada tivesse acontecido...

Íria de Fátima
Enviado por Íria de Fátima em 10/12/2018
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