Cúmplice.

Quando meus olhos se abrem no meio da noite

É teu rosto que enxergo

Atento, esperto, ávido por me querer,

Sempre mais perto.

Se te deixo ir pra longe e te esqueço,

Os raios de sol até chegam a me esquentar,

Por uma hora ou duas,

Mas, invejosa, você se faz soprar, gelada, sobre mim.

Não me recordo a quanto tempo te pertenço,

Porém, te lembro em cada nota da minha existência.

Nas rajadas de felicidade e nos suspiros de drama,

Em cada desafeto e em cada sílaba de amor.

Ouso dizer que estava predestinada a ser tua.

Cruelmente, tua.

Por designação do cosmos ou ordem do karma,

Me botaram ao teu lado, pro teu peso eu carregar, ou ao contrário.

Por vezes me perguntei sobre a normalidade da tua presença,

Por outras, sequer questionei.

Me senti estranhamente grata, especial, dotada, escolhida.

Me senti amaldiçoada, acoada, baixa, vendida.

Duas exageradas e mentirosas partícipes de um plano.

Uma dualidade que perdura e grita em silêncio.

Depois de tanto tempo, a tua presença ainda me causa dúvidas,

Será que já está na hora de correr pra ti?

Pra contigo viver.

Pra contigo morrer.

Sempre com você, minha querida cúmplice,

Morte.

XII
Enviado por XII em 10/12/2018
Código do texto: T6523532
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