Cúmplice.
Quando meus olhos se abrem no meio da noite
É teu rosto que enxergo
Atento, esperto, ávido por me querer,
Sempre mais perto.
Se te deixo ir pra longe e te esqueço,
Os raios de sol até chegam a me esquentar,
Por uma hora ou duas,
Mas, invejosa, você se faz soprar, gelada, sobre mim.
Não me recordo a quanto tempo te pertenço,
Porém, te lembro em cada nota da minha existência.
Nas rajadas de felicidade e nos suspiros de drama,
Em cada desafeto e em cada sílaba de amor.
Ouso dizer que estava predestinada a ser tua.
Cruelmente, tua.
Por designação do cosmos ou ordem do karma,
Me botaram ao teu lado, pro teu peso eu carregar, ou ao contrário.
Por vezes me perguntei sobre a normalidade da tua presença,
Por outras, sequer questionei.
Me senti estranhamente grata, especial, dotada, escolhida.
Me senti amaldiçoada, acoada, baixa, vendida.
Duas exageradas e mentirosas partícipes de um plano.
Uma dualidade que perdura e grita em silêncio.
Depois de tanto tempo, a tua presença ainda me causa dúvidas,
Será que já está na hora de correr pra ti?
Pra contigo viver.
Pra contigo morrer.
Sempre com você, minha querida cúmplice,
Morte.