FANTASMAS DA MENTE
Ao abrir os olhos, no raiar do dia, somos, não raramente, primeiro afugentados por todas as missões a serem cumpridas naquelas próximas horas. Inusitado é que em oportunidades anteriores vamos a somatório, instalando prioridades sobre o que deveremos fazer e quando em vez, uma sobre a outra. Muitas das necessidades são colocadas na vanguarda da fila e o que, por vezes, é apenas um desejo vai se distanciado de nossas mãos. E esse apartar não deve ser natural. Transparece-nos que por não estarmos maduros ou prontos para perceber o que realmente vale a pena, deixamos somente as emoções “tomarem conta da vida da gente”. E situações assim se apresentam porque, vez em quando, temos receios em nos dispormos perante aos outros. Ou, por exemplo, porque não sabemos lidar com o ser humano e agimos com egocentrismo sem avaliar pontos positivos e negativos sobre cada tomada de decisão. Não por acaso afigura-se que estamos em um mundo em que fantasmas da mente parecem nos assombrar a todo o tempo.
Quando não temos a predisposição para investirmos nas primazias e relacionarmos os valores mais caros a nós, tudo se torna um amontoado de afazeres que se acumulam a nossa frente. E então como quase que institivamente, fechamos os olhos para a nossa volta para não entrarmos em colapso. Mas de certo o que ocorre não é apenas sermos sugados por essas inconformidades. Vislumbra-se que as coisas, animais e até as pessoas perdem o valor verdadeiro justamente pela nossa percepção turva e desconcertada. Nesse momento já não importa levar uma palavra de ânimo a quem se aproxima. Não vale se o cachorro abana o rabo ou se late feito um desvairado. Não importa se a casa está revirada ou se está bem arranjada. Vê-se desse modo que estamos em órbita, sem visão, sem sentimento, sem resposta. Há um curto em nossa mente que precisa ser de alguma forma tratada imediatamente para que não nos vejamos em colapso com todos os nossos valores sentimentais, éticos e morais.
Não é à toa que nos orientam que quando não estamos em total sintonia com nosso ser não devemos tomar decisões precipitadas ou fazermos algo que jamais fizemos. Na maioria das vezes é bom colocar a cabeça no travesseiro, se reencontrar consigo para depois alçarmos a vela e sairmos em alto mar. O que parece nos faltar é por vezes o bom senso de que tudo tem seu valor pessoal, afetuoso, social e não somente econômico e financeiro. Às vezes atribuímos apegos a animais, materiais e coisas somente pelo valor econômico que os outros podem impor a eles. Mais do que nunca é necessário estar em equilíbrio para podermos propagar o que realmente custa a cada um de nós e compreendermos que nada verdadeiramente é de graça, tudo tem um preço. E que uma boa reflexão antes da ação pode definir um futuro brilhante ou uma possível infelicidade constante. Que ao abrir os olhos na próxima saibamos respirar e enxergar verdadeiramente o que está a nossa frente para não sermos abocanhados e assombrados pelos fantasmas que nós mesmos criarmos.