Crônica Gorki e Eu
Poeta Antonio Agostinho
Eu tinha provavelmente uns quinze anos quando entrei em contato com a obra de Gorki e sobretudo a trilogia. Comecei a leitura por “Infância” e senti a vida do menino Alex muito parecida com a minha vida porque como ele fiquei órfão também e passei a morar na casa do meu avô paterno sendo criado por três solteironas num ambiente pobre. Gorki aos sete anos estava no mercado de trabalho lutando pelo pão cotidiano. O autor de “Ganhando Meu Pão”, teve uma infância triste e muito novo passando a carregar água em lata para não morrer de fome em Kazan. Eu não carreguei água em lata no entanto tive o mesmo sofrimento do menino Alex e muito novo abracei uma viola deixando meus parentes e arriscando a vida em busca do ganha pão aqui e acolá. O autor de “O Vagabundo Original”, sofreu bastante em sua Rússia porque ali perdeu o pai muito novo e para se tornar um artista famoso teve que lutar com unhas e dentes. Gorki trabalhou em todo tipo de serviço de comerciante a engraxate sem saber que um dia se tornaria um dos maiores escritores da Rússia e do mundo. Para chegar aonde queria teve que engolir muito prato ruim e receber críticas do seu próprio povo. Não podendo ele estudar universidade nenhuma buscou nos livros a sabedoria e traçou para a mundo o seu papel de grande intelectual e de um bom beletrista. Gorki não teve a vida do autor de “Guerra e Paz” e muito menos do autor de “Crime e Castigo”. Gorki era pobre não teve um pai para suprir as suas necessidades e teve que trabalhar muito novo. A natureza como mestra mostra como é possível se fazer algo quando a gente quer. Eu como Gorki também encontrei barreiras para serem quebradas também tive desgostos familiares por que me dediquei às letras e não quis ser doutor. A vida artística de Gorki tem muito a ver com aminha vida de poeta e de uma pessoa que ama as letras como ninguém. Gorki sofreu muitos desabafos na sua terra natal e como ele eu também sofri na minha querida Russas, terra que me viu nascer e crescer com tanto sofrimento. Em Ganhando o Meu Pão, Gorki fala da loja em que trabalhava e era muito vigiado como se ele estivesse ali como ladrão e não como um menino pobre que lutava pelo pão de cada dia para não morrer de fome. Eu padeci a mesma coisa na minha vida de repentista ganhando pouco e ouvindo muita besteira do povo e dos nefandos companheiros de viola. Cantei trinta e dois anos por amor à arte porque Deus me fez artista como Gorki o grande escritor russo.