Conto reverso
A princesinha decidiu sair do conto de fada porque a fada mesmo não existia, só a madrinha ficava por perto. Mas como? Ela era personagem principal e seus pré requisitos não eram suficientes para mantê-la na história, assim ela pensava. Sua beleza fora deturpada, seu romantismo fora por vezes camuflado numa tentativa de afoga-lo num copo e noutro. Sua delicadeza não fez nenhum príncipe aparecer. Nessa época, são bem poucos e andam espalhados por aí, na verdade, misturados como joio e trigo, nem sempre dar pra reconhece-los, não andam a cavalo nem demonstram fineza.
A princesa cresceu em meio a mimos dourados, abraços e braços incapazes de lhe preencher. Sempre lhe faltou algo. Ainda falta. A luz. A luz que clareie seus passos, seus pensamentos, não a luzinha que brilha na sua coroa, a luz que ilumina o mundo.
Seus desejos são reais, assim como também é sua luta pra sorrir, pra ouvir e não se ferir. Absurdo! Uma nobre não viver plena. Assim são tantas nesse novo contexto. Pessoas cercadas de tudo quanto se pensam ser bom e necessário, mas com corações vazios, sem paz nem vontade de viver.
Os contos não são mais os mesmos, os personagens trocaram de imagem, os finais não sao mais felizes e todo o enredo causa dor e angústia nos leitores. Urge a necessidade de reescrever, de fazer novas versões para tantas meninas que sofrem com os abandonos reais de príncipes e majestades. Nao, princesa, você não pode sair, a história é sua, você não pode morrer, as princesas precisam de você para bailarem as valsas de seus sonhos.
A uma princesa linda, Naiara