"15 ANOS DEPOIS..."
“Está mais magra, e tem uma nova tatuagem na pá das costas.”
Ele anda olhando pra baixo por que não quer que ela o veja...Pra que conversar? Conversar sobre o quê... tantos anos depois?! E fingir que há apreço, e ao mesmo tempo uma certa indiferença. Isso dá mó-trabalhão... essa tanta educação.
- Ei! – Ela grita e olhares inevitavelmente se encontram. – Seus olhos estão vivos, mas ela não sorri.
Ele se assusta e exagera. Dá o maior sorrisão e um aceno abobalhado. Quando se aproximam ele abre os braços num abraço que caberia o mundo inteiro. Ela estanca e dá o lado da bochecha e depois outro, com um comprimento frio e formal entre dois conhecidos, não amigos.
Uma conversa se inicia que mais parece uma entrevista de emprego, já que os dois põem-se a falar apenas de seus êxitos. Novos empregos, cursos que concluíram, coisas que conseguiram comprar... principalmente aquela... AQUELA coisa que eles falavam em comprar juntos... e agora ela tinha, só dela... SÓ dela... só.
Ela olha o relógio, olha prum lado, olha pro outro, olha o celular diversas vezes enquanto ele fala com uma voz nervosa. Ele gagueja um pouco, por dentro sente-se perdido, sente que perdeu também... não ela. Mas uma boa oportunidade de ficar em casa assistindo aquele seriado de que tanto gosta.
- Então... Bom te ver.
Ele se entrega e chega ao fim. “Ok, você venceu, criatura... Ó mulher. CRIATURA DESENVOLVIDA”. – Sente-se humilhado (humilhado porquê?) e ao mesmo tempo aliviado pela não obrigação de tê-la mais em sua vida simplória de reles mortal.
Ela sai, - muito ocupada – dando um aceno formal enquanto fala ao celular... algo que parece ser da MAIOR importância. Eles se afastam. Ela segura o telefone com força em sua orelha e seus olhos brotam rios d’água. Ela olha pro espelho do batom, tentando ver se ele já está longe, mas ele se foi... muito rapidamente se foi. Ela desaba.
- “Alô. Como foi? Como você se sente?” - Pergunta o seu analista.