comer e amar em SP
O dia de hoje não passará em branco, daqui uns anos este dia não terá existido plenamente, pois embotado, parecerá a reminiscência de um sonho em minha memória, mas este dia existiu! Eu mesmo existi, quero deixar aqui registrado que sou uma parte corpo uma parte espírito e alma, outra parte cérebro, outra parte átomos que dão forma a mim, e tem também minha essência; mas, voltemos a este domingo inesquecível. Por que inesquecível? Por causa dela, CC, que esteve presente em minha saliva (ainda está, porque não escovei a boca), almoçamos juntos no restaurante italiano Malandrino, comemos pães italianos recheados com calabresa, despejamos neles um azeite português que só fez ressaltar inda mais os seus sabores, seguimos com berinjela fatiada mais alguns pedacinhos de tomate até chegarmos finalmente aos pratos principais: Panzote verde e Conchile; ora, mas como é humano beber vinho! Tomamos duas taças de vinho seco, que alegrou meu sofrido coraçãozinho, em estado de enlevo de repente, toda a sua pele se tornou, diante dos meus olhos, mais alva e salpicada de pintinhas morenas, um imenso céu estrelado onde facilmente me perderia! Aqui em Sampa se morre, se divorcia, se desespera e buzina e xinga e odeia e cospe, mas hoje, o dia de hoje aqui em Sampa a gente escuta música de violino no parque Ibirapuera, a gente tira foto no Iphone das nuvens asperitas refletidas no lago, a gente se olha nos olhos, a gente se encara durante alguns segundos e termina se beijando inteiramente, com a boca e tudo que nela há, bebi sua saliva, mordi a um pedacinho de seu lábio inferior, encostei meu pau na carne perolizada de suas nádegas, senti em minhas mãos firmes, as suas coxas, cobertas de pelinhos finos, luzentes!