PALAVRAS AO VENTO NOTURNO.

Palavras jogadas ao vento, sem rimas, sem destino certo, porém, carregadas de sentimentos profundos, de lágrimas ocultas, de dizeres não ditos. São entretanto, incompreensíveis a todos, e quem as poderá decifrar?

Palavras jogadas ao vento, meus poemas não lidos, outrora esquecidos em um velho caderno empoeirado. Os versos que ali se esconderam, são relato sincero de um tempo antigo, verdades de amores inocentes, inclinações de um ser já enlouquecido. E lá estava eu, ausente de tudo, de todos, um nada que desejava tudo.

Palavras ao vento, sou apenas um borrão de tinta de uma velha caneta em um pedaço qualquer de papel. Escrevo a vida, escrevo a arte, escrevo o que está presente, o visível e o invisível. Escrevo também, o que nunca deveria ser escrito, e, entre um verso e outro, na desajustada e quase inexistente rima, desenho o meu mundo escondido.

É apenas mais um dia de verão chuvoso, não vou mais contar os dias, nem as horas, nem os minutos e nem os segundos, nem as estrelas no céu. Vou deixar que o tempo se encarregue do próprio tempo. Nada mais terá a dizer, pelo menos é o meu desejo, se vou cumpri-lo, bom... Isso eu já não sei, o tempo dirá.

A noite se faz alta, estrelas perdida entre as nuvens, e de repente; tudo desapareceu na maior escuridão, e no mesmo instante, surgem novamente as pequenas e cintilantes bailarinas do céu, aqui e acolá, bailando entre a escuridão. Sou novamente o mesmo observador cimoso, sentado em um canto qualquer de um quarto qualquer sem luminosidade.

O beija-flor, aquele mesmo de outrora, como sempre belo, de encanto desconcertante, de olhar brilhante, sentou-se próximo de mim, estendeu suas delicadas asas, cantou, encantou, o poeta neste instante, uma vez mais enamorou-se, e o seu coração corrompido de pronto se prostrou. O beija-flor com seu bico estendido, fendeu o meu peito, e dele, suga o néctar da minha existência. Agora Desfaleço, louco de amor, louco de desejo, mas nada poderei fazer, neste impreciso dia do último mês do ano, não há nada novo debaixo do céu.

Amo-te deusa errante

Sempre te procuro em meus sonhos

Incansavelmente eu te busco

Procurando pelos teus negros olhos

E no céu de grandes horrores

Também de ocultos temores

Ceifador de grandes amores

De meus versos errantes

De meus desejos inocentes

É neste véu que eu te procuro

És estrela incandescente

Entre milhares de bilhões.

Está no azul do céu?

Está nas profundezas do mar?

A minha estrela se perdeu,

Não mais consigo encontrar.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 03/12/2018
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