PSICOPATA DE HISTÓRIAS

As vezes, quando encontro uma praça sombreada, um banco pra recostar e, estando desobrigado momentaneamente da burocracia do cotidiano, quedo-me sentado observando as pessoas passarem; meu olhar as persegue.

Vejo uma moça de verde que corre para pegar o ônibus, um rapaz de branco que caminha engraçado e outro que tem um sorriso na boca como se estivesse recordando algo. Um senhor acima do peso passa carregando uma bolsa quase igualmente pesada e vejo também uma senhora que manca da perna direita! Que terá sido? Dor no joelho? Algum acidente causou isso?

Um carro passa em alta velocidade. Um carro azul... Porque os carros são, em sua maioria cinzas, brancos ou pretos? Porque esse cara dirige tão rápido um carro azul?

Caem folhas das árvores.

O tempo corre e eu fico aqui sentado sozinho, solito, solamente yo. Estou sentado com um meio sorriso, como o daquele rapaz que passou. Fico aqui imaginando, criando dezenas de histórias; sempre uma história nova para cada pessoa.

Uma moça interpreta meu olhar de forma diferente e baixa a cabeça e volta a olhar e baixa a cabeça de novo. Agora é um rapaz que confunde meu olhar. Ele não desvia, e meu olhar anda teimoso hoje. Não desvio. Ele sorri e sai pensando não sei o quê. Minha avidez por histórias anda me fazendo parecer esquisito e parafraseando Amado Batista em sua música “Secretária”: “Tenho medo de ser confundido com um assédio sexual”.

Paro de observar a rua. Já deu minha hora! Me voy!!!