COMPRE UM LIVRO
Nesses últimos dias tenho recebido inúmeras mensagens falando na bancarrota em que se encontra o mercado livreiro do Brasil, da necessidade de nosso apoio para que o livro de papel não desapareça das nossas vidas (pelo menos por enquanto) e que uma das melhores ações que podemos ter é nos engajarmos na ideia de distribuir livros como presentes de final de ano.
Seria uma ação emergencial para remediar o problema, mas nós sabemos que o brasileiro é habituado a essa prática de mascarar o problema sem ir ao cerne da questão e deixar a solução para mais tarde, para amanhã, para o ano que vem ou para o próximo governo...
O problema livreiro tem raízes profundas e bem antigas.
Faz parte das ações dos governos “vermelhos” para desconstrução da identidade nacional; do incremento do analfabetismo funcional; do empobrecimento intelectual para evitar questionamentos, porque povo que pensa não serve como massa de manobra.
Temos ministérios para educação e para cultura, separados convenientemente para dar suporte aos objetivos escusos de permanência no poder.
Tanto isso é verdade que, desde os anos oitenta, quando grande parte de livrarias começaram fechando as portas, nada foi feito para conter o desmoronamento.
Será que as editoras não sentiram o encolhimento do mercado?
Será que os ministros que estiveram à frente das pastas em todos esses anos nunca foram alertados para o problema por assessores ou membros do mercado livreiro?
Ou será que a derrocada é o objetivo maior desses ministérios?
Livrarias não são agraciadas por isenção de impostos (como montadoras multinacionais ou produtoras de insumos agropecuários);
não mais existe o porte diferenciado dos correios para quaisquer pesos nas remessas de livros;
a Lei Rouanet só serve para financiar espetáculos de “artistas” de gosto duvidoso ou já consagrados pela opinião de seus fãs.
Desde o alto preço do papel até a incrível taxa de até 70% do valor de face do livro a título de comissão para o livreiro, o autor iniciante não dispõe de rede de distribuição como os campeões de “best sellers” nem de espaço físico em feiras de livros onde possa conversar com futuros leitores e expor as suas obras.
Recuperação financeira é sinônimo e consequência de má administração.
É bem comum o fenômeno de se “confundir” faturamento com lucro, dinheiro em caixa com dinheiro no bolso ou pró-labore com apurado diário.
Não custa lembrar que é pela leitura que se formam as ideias, horizontes são ampliados e se alavanca a cidadania.