No Império dos Idiotas Reina o Neoliberalismo
Sim este dia chegou! Me lembro que na minha juventude, quem não sabia se calava e que sabia era ouvido e respeitado. Hoje aqueles que mal sabem, não tem ideia de tão pouco que sabem, falam como se muito soubessem.
Os que sabem alguma coisa não conseguem falar, seu raciocínio é mais quieto que os estrondos do senso comum, da ignorância empoderada e assoberbada.
Ainda não entendi a fórmula que utilizam, como conseguem ter certezas e convicções sem o amparo da pesquisa e do estudo. De uma hora pra outra todos sabem Marx, a ponto de refutá-lo com poucas linhas. As pessoas julgam o trabalho do professor sem ter enfrentado os desafios da educação.
Como não faltam os que tratam de diplomacia, economia e educação sem ao menos ter um lido um só livro sobre o assunto. Antes esta gente falava de futebol e carnaval, bobagens que não faziam diferença. Mas por um processo lento e complexo, os idiotas foram chamados a participar da política.
Como diminuir o tamanho do Estado de forma que leis, regulamentos e a própria força de fiscalização do Estado. Um Estado impotente é também fraco diante de situações em que os interesses privados econômicos contrastam com os interesses públicos e coletivos.
O desafio era claro: era preciso diminuir o tamanho do Estado e o meio pra isto era sabotar, desmoralizar os políticos de carreira e homens públicos engajados. Um Estado fraco também é um Estado que não se impõe pela incompetência daqueles que compõe sua estrutura.
Se não há inteligência e nem preparo para fazer valer as leis e colocar em prática os programas e diretrizes estabelecidas, este Estado perde capacidade de se impor, governabilidade.
Então foi preciso desmoralizar o Estado e o político. O Estado como uma instituição falida e ineficaz em sua natureza, ataca-se o servidor público, as estatais, a classe política como um todo e os movimentos sociais.
Mas por que atacar os movimentos sociais? Sim é preciso esvaziá-los, pois eles demandam Estado por meio de leis e investimentos. Sua desmoralização sendo confundidos com vitimismo e com bando de vagabundos querendo privilégios foi a narrativa essencial deste processo.
A educação, embora com todos os resultados internacionais ruins, ainda é o braço do Estado em relação a instrução e formação dos jovens, tanto profissional quanto ética. O aluno formado para este novo tempo tem que ter o perfil acrítico, como apontou o presidente eleito.
É o sujeito que não vai demandar do Estado, por falta de preparo político para exercer sua cidadania, escolhendo candidatos que representem seus interesses. O analfabeto político incapaz de se revoltar e de entender as relações de poder que direcionam sua vida, tanto político quanto religioso.
Formar o cidadão analfabeto político é essencial, pois demanda do Estado quando é mais pobre, porém não vota na esquerda e é facilmente manipulado por propagandas e fake news.
Operacionalmente, seria preciso controlar o que o professor ensina e impedi-lo de formar o aluno de forma crítica e consciente das relações de poder que o prejudicam social e economicamente. E ao mesmo tempo, impedir outras reflexões que o torne menos vulnerável a charlatões religiosos e manipuladores.
Claro que todo este processo demandou uma estratégia tão simples e clara que chega a ser obscena: eleger um despreparado para presidente empoderando idiotas, dando voz a sua ignorância os convencendo de que sua falta de senso crítico era a expressão da percepção verdadeira do mundo.
Para que idiotas fossem eleitos para deputados, senadores, governadores e presidentes era preciso focar nos inteligentes e reflexivos, os desmoralizando como esquerdistas, comunistas, petistas, etc.
Esvaziando seus espaços, deslegitimando suas pautas e desqualificando sua formação e inteligência. Era preciso que estes fossem verdadeiros vilões aos quais jogar a culpa pela miséria e violência.
Ao mesmo tempo, focar nos idiotas, mostrando que eles é que estão com a razão, de forma que poderiam confiar em um idiota como eles e se identificarem com as bobagens que diz e com sua ignorância espontânea e desavergonhada.
Foi um processo lento e de difícil previsão dos resultados. Pressões por diminuição do Estado sempre existiram por parte de certos grupos econômicos nacionais e internacionais.
A política de conciliação entre capital e trabalho desenvolvida pelo PT não agradou todo mundo e logo que os prejudicados se viram em vantagem diante de problemas econômicos e de corrupção no governo PT, ampliaram suas ações financiando Tink Tanks liberais e pseudo movimentos sociais dirigidos por publicitários e marqueteiros.
Sim, já haviam idiotas a disposição e da mesma forma quem os liderassem. A mídia já estava atacando o tamanho do Estado, batendo constantemente na sua eficiência e na corrupção, como se esta fosse algo endêmico da política e da coisa pública. Venderam que minimizando a coisa pública se minimizaria a corrupção e se ampliaria a eficiência.
Olavo de Carvalho, Bolsonaro, Kim Kataguiri, Pondé, Reinaldo de Azevedo, Rodrigo Constantino, Gustavo Ischope, etc foram as figuras certas no lugar certo para o desenrolar e concretização de interesses econômicos que encontram no Estado, nas políticas públicas e nos movimentos sociais um incomodo empecilho ao seu desenvolvimento.
Seriam somente bestiais anônimos se dentro do complexo jogo de interesses econômicos não houvesse a necessidade de quem preparasse ideologicamente o caminho para colocar no Estado que o desmonte por incompetência ou mesmo propositadamente, neste último caso não poderia ser evidente, no primeiro não poderia ser percebido.
E tudo deu certo! Financiaremos cirurgias de apêndice, por exemplo, como financiamos carros. Aposentaremos muito velhos ou gastaremos um bom dinheiro para poder aposentar com alguma saúde ainda para descansar.
Nossos filhos terão uma escola que os tornarão obedientes e incapazes de compreender o mundo que os rodeiam. Para terem empregos ruins, com poucos direitos, porém com muita desvalorização.
Mas haverá muito lucro e muita gente vai ficar ainda mais rica quando todo este projeto estiver concretizado. Será um bom negócio e o Brasil voltará a ser um ótimo país para se investir.