AGONIA E AGONIADOS.
Li uma afirmação preocupada sobre agonia, viver em agonia. Muitos em estado agônico não percebem, mas não podem esconder.As agonias têm causas diversas.
Quem está realmente em agonia vive o pior dos mundos, aquele em que se perde a “paz jurídica”. O que é “paz jurídica”? Seria algo estritamente ligado ao direito? Não. É uma forma de ser e estar que envolve muitos valores, todos ligados à dignidade humana dos que vivem em sociedade, materiais ou emocionais.
Eventualmente fatos sociais de natureza civil definem esses paradigmas, como a situação subsequente ao pleito recente.
São naturais seus desdobramentos.
Em nosso interior existem em simbiose os velhos travos amargos promanados de Caim, não que queiramos, são laivos que se aproximam e nem notamos, é a saga da ancestralidade única. A inveja persiste no mundo, fácil de inferir, não ter ou ser o que outros têm ou são. Um mal estar de uns com o sucesso de outros, isso é permanente e visível, constatado nesse explosivo e revolucionário veículo, a internet. Ter inveja dos vencedores ao invés de aceitar o fato que não tem volta. É inevitável.
Primordial para cura do agoniado é a aceitação.Não sendo assim nos tornamos nossos próprios carrascos, como o avarento que suprime seu próprio conforto. O agoniado com a vitória dos outros suprime sua paz.
Nossa agonia é objeto do engano. É assim no voto, queremos como verdade o que foi mentira.Procurando nosso bem elegemos nosso mal lastreados mesmo na experiência configurada, que rejeitamos.
Não é possível no amanhã afastar os resultados do que fomos hoje.
Não se vive nossas verdades que falsearam contrariando a evidência por pretendermos contrariamente. Infantilidade.
Um desses infantis, li em algum lugar, queria como sua verdade que um juiz de primeiro grau não tem como afastar esse ou aquele personagem representativo de seus cargos. Quem exerceu o Poder sabe que ninguém tem coragem própria ou por terceiros de tentar insinuar algo a um magistrado ilibado; sabe que no mínimo será preso em flagrante.
E se olhar aqui ou no mundo, verá que as sentenças condenatórias são exaradas e cumpridas em primeiro grau. Por um juiz de primeiro grau .O restante é caminhada recursal.Não adianta a agonia dos agoniados, mesmo por insciência, o que se compreende, é preciso aceitar a inevitabilidade e evitar a agonia.
Um preço é cobrado. É uma vital essência de tudo, lei de causa e efeito. Ninguém escapa dessa lei visceral.
Uma das maiores preocupações de todos os tempos, central do novo milênio, de interesse da opinião pública em geral, de políticos, religiosos, instituições internacionais e nacionais, é a perda da paz jurídica, vista como referencial, que implica em perder seu norte, viver uma agonia.
Inicia-se o estudo mais profundo sobre paz jurídica no século XVIII, tendo o autor Immanuel Kant como referência, foi um dos primeiros autores que tratou a questão da paz de forma a garanti-la perpetuamente, em contextos políticos e jurídicos.
Com Kant, a paz deixa de ser tratada de forma religiosa, recebe conceituação jurídico-política. Caminhamos por essa teia labiríntica, enigmática, logarítmica, e todos os sistemas complexos em que possamos enredar o impasse emocional, sem abrigar razoabilidade de recepção. Por qual razão procurar agonia ou gerá-la? Naquela um certo credo de buscar melhorar, e ser enganado, perdoável pois, nesta a tortura do Aqueronte, o Rio do Inferno, que ninguém melhor do que Dante descreveu.
Quem perde a “paz jurídica” fica e vive em agonia, quem a gera terá agonia histórica.É o que acontece com quem trouxe o mal. Passará para a história sofrendo na agonia da mácula de fazer sofrer, assim será seu registro histórico. Uma condecoração negativada.
No momento as agonias dos desempregados são resultado sempre do esvaziamento de suas possibilidades, nascidas das instituições públicas enlaçadas com o setor privado nas conhecidas calamidades.
Quando acabará a agonia do desemprego, por exemplo, no Brasil?