O TEMPERO DO AMOR
Se você fizesse tudo o que quero, seria apenas a satisfação de desejos, e, como criança mimada que recebe sempre mais ainda do que pediu, eu logo me cansaria de sua companhia, do seu cheiro, da sua morada... Estranho é esse limite de que precisamos mesmo numa relação amorosa, onde a frustração parece ser um tempero bastante eficaz para manter o interesse e evitar que um se torne apenas aquilo que realmente é diante dos olhos do outro, um ser humano como outro qualquer, que mesmo possuindo encantos diferenciados,
simpatia, mesmo sendo encantador e atraente, também tem seus momentos de simples mortal que devem ser compensados com uma ocasional indiferença, afastamento, para permitir ao outro sentir saudade daquilo que na verdade sempre poderia estar à disposição.
Entretanto, a dose não pode ultrapassar certo limite, sob o perigo de se tornar um veneno letal. Então aquilo que poderia funcionar como simples tempero para realçar alimentos já tão conhecidos, tornar-se-ia um instrumento de destruição. Mas como já disse a Nina Horta, de alguma coisa havemos de morrer, de doença, acidente, de tiro e que eu saiba, de amor de verdade ninguém ainda morreu. A gente se despedaça chorando e logo mais abre a janela e não resiste a uma linda noite de lua cheia. Então estamos prontos pra outra...