Uma tarde em Pinheiros.
Às vezes vamos a Pinheiros, um bairro comercial de São Paulo, que frequentamos desde que éramos pouco mais do que crianças, com doze anos . Por essas coisas da vida continuamos frequentando , namoramos indo aos cinemas do lugar , no Cine Fiametta da Rua Fradique Coutinho, e no Festival , na Rua Lacerda Franco, e depois pegávamos um ônibus na Rua Cardeal Arcoverde, ( Cardeal famoso, nascido em Pesqueira).
Na Rua Teodoro Sampaio compramos a nossa primeira geladeira, vermelha , nas Casas Bahia, e pagamos direitinho, com sacrifício.
Agora que a idade chegou, continuamos indo , por outros motivos , a Fátima vai para comprar aviamentos de costura, lá tem uma loja da Karsten que tem toalhas ótimas, e como ela trabalha com bordados há um bom tempo, se abastece por lá. Me ajuda nas despesas de casa, além de gostar muito do que faz.
Da minha parte, gosto das lojas de música, comprar cordas para os violões, olhar os CD e DVD, xeretar os livros nos sebos , garimpando sobre arte. Ela não tem muita paciência com isso, mas como sou atencioso com ela, se vê na obrigação de me compensar.
O prazer é mútuo, eu gosto de estar com ela e ela comigo, paramos para um café ou uma breve refeição, conversa nunca falta, paramos nas bancas com curiosidade ( mais da minha parte), e caminhamos como dá, às vezes de mãos dadas, mas o passeio é difícil já que as calçadas tem pouco espaço, e está cheia de vendedores ambulantes. Não me desagrada, até dou uma olhada nos cacarecos que vendem.
Vamos de metrô, são quatro estações de casa, e em poucos minutos estamos lá .
Pinheiros para mim tem uma história de vida, lá ia com o meu pai ao mercado comprar peixes na década de sessenta ( no Largo da Batata) , ainda menino, mercado que nem existe mais, foi nas Lojas José Silva que comprei o terno do casamento, cor de vinho com a camisa lilás, e foi neste bairro que me casei no civil.
No Largo dos Pinheiros pegava o fretado da Ford para trabalhar , ônibus da viação Kuba, que ainda existe. Na rua Butantã havia uma loja da Mesbla e lá compramos muitas coisas para a nossa casa, e um dia encontrei o Arnaldo Antunes, que morava por lá, por sinal muito educado. Fiz cursinho vestibular na Rua Sumidouro, no Objetivo, então até nesta parte de estudo, tenho uma boa recordação.
Hoje está tudo muito moderno, com metrô e grandes espaços abertos mas a Rua Teodoro Sampaio era mais glamorosa em nossa adolescência, ela se tornou mais vulgar.
Na Rua Lacerda Franco visitava a loja de discos do Edgar, que já fizeram até filme sobre esta famosa loja, e pensar que conversei com ele tantas vezes !!! Um cara esquisito , tipo solteirão, mas gente boa demais, muito organizado, sabia tudo o que rolava no mundo da música , descolava discos importados como ninguém, num cuidado que ninguém tinha igual, era bom conversar com ele. A Paty ( Calada Eu), já esteve nesta loja, e o conheceu.
Moro na Vila Sônia há 50 anos, e antes disso morava na Vila Madalena, então conheço a região muito bem, quase a minha vida inteira de Brasil.