Na pracinha da Luz
Estou, nesta tarde cheia de sol, na pracinha da Luz. Entre árvores frondosas e passarins alegres, faço o meu Cooper vespertino. Contorno-a várias vezes. É a minha luta, quase diária, contra o colesterol ruim, que se esconde entre três traiçoeiras letrinhas - LDL.
Paro e acaricio algumas icsórias. Flores bonitas e delicadas, mas - oh!!!!! - elas não têm cheiro!
Nem por isso os passarinhos as rejeitam. Pouco lhes importa se elas têm ou não perfume. Agora, duas lavadeiras (noivinhas) brincam de esconde-esconde, nos frágeis galhos de uma delas.
Nunca concordei com essa da mãe Natureza de deixar algumas flores sem aroma. Por que somente as rosas cheiram? Essas flores, como as rosas, também enfeitam a vida; menos o cravo, que nasceu para enfeitar defuntos.
Os pássaros da pracinha da Luz são pardais e lavadeiras. Mas, vez por outra, por aqui aparecem dezenas de rolinhas caldo-de-feijão. Quando as descubro, buliçosas, ariscas, reencontro-me com um passado já bem distante...
Lá pelos anos 1940 fui um menino caçador. Com meu estilingue, abati muitas rolinhas no sertão do Ceará. Assadas, eram servidas nos guisados de fundo de quintal. Isso no inverno.
Na seca, a diversão era caçar calangos que não conseguiam fugir da terra castigada pela longa estiagem.
Que maldade! Por esse passado, vivo a pedir perdão...
A pracinha do meu Cooper fica defronte da igreja do meu bairro, consagrada a Nossa Senhora da Luz. Praça da Luz! Uma homenagem à padroeira, que por ela zela vinte e quatro horas.
Nos meus sôfregos giros, não raro, recorro à bondosa santa, mãe de minha paróquia.
Enquanto ando - passos largos e firmes -, peço à Senhora da Luz, entre outras coisas, que me não deixe desistir do cansativo, mas necessário, Cooper que faço sob suas vistas. E ela me tem ajudado. Estou ganhando a luta contra o maldito LDL.
Ao longo da caminhada, vou registrando momentos de real ternura que, possivelmente, passariam despercebidos aos olhos de um "atleta" desligado, que não é o meu caso.
Casais de namorados, por exemplo, festejam, com demorados beijos, o encontro na pracinha, na chegada do crepúsculo.
Criancinhas brincam nos balanços do parquinho (nem sempre bem cuidados), vigiadas, carinhosamente, por suas mães e ou babás.
A pracinha da Luz também é ponto de encontro de casais separados. Diante do sorriso inocente dos seus filhotes, eles constroem um momentâneo e elogiável pacto de boa convivência.
Começa a escurecer.
As lavadeiras ou lavandeiras, os pardais e as rolinhas foram dormir. As icsórias vão aos pouco perdendo seu colorido; murcham lentamente, para ressurgirem mais vaporosas, logo as luzes da praça sejam acesas.
Começa a escurecer.
As crianças se despedem de seus papais. E com carinhas de saudade, acompanham suas mamães...que parecem desapontadas com a brusca separação.
Começa a escurecer.
Os namorados, resguardados pela penumbra do crepúsculo da Pituba - um dos mais bonitos de Salvador - vão continuar se amando... se amando... até com mais intensidade...
A caminho de casa, olho pro meu relógio; seus ponteiros me mandam rezar a Ave-Maria.
É a hora nostálgica do Angelus.
Estou, nesta tarde cheia de sol, na pracinha da Luz. Entre árvores frondosas e passarins alegres, faço o meu Cooper vespertino. Contorno-a várias vezes. É a minha luta, quase diária, contra o colesterol ruim, que se esconde entre três traiçoeiras letrinhas - LDL.
Paro e acaricio algumas icsórias. Flores bonitas e delicadas, mas - oh!!!!! - elas não têm cheiro!
Nem por isso os passarinhos as rejeitam. Pouco lhes importa se elas têm ou não perfume. Agora, duas lavadeiras (noivinhas) brincam de esconde-esconde, nos frágeis galhos de uma delas.
Nunca concordei com essa da mãe Natureza de deixar algumas flores sem aroma. Por que somente as rosas cheiram? Essas flores, como as rosas, também enfeitam a vida; menos o cravo, que nasceu para enfeitar defuntos.
Os pássaros da pracinha da Luz são pardais e lavadeiras. Mas, vez por outra, por aqui aparecem dezenas de rolinhas caldo-de-feijão. Quando as descubro, buliçosas, ariscas, reencontro-me com um passado já bem distante...
Lá pelos anos 1940 fui um menino caçador. Com meu estilingue, abati muitas rolinhas no sertão do Ceará. Assadas, eram servidas nos guisados de fundo de quintal. Isso no inverno.
Na seca, a diversão era caçar calangos que não conseguiam fugir da terra castigada pela longa estiagem.
Que maldade! Por esse passado, vivo a pedir perdão...
A pracinha do meu Cooper fica defronte da igreja do meu bairro, consagrada a Nossa Senhora da Luz. Praça da Luz! Uma homenagem à padroeira, que por ela zela vinte e quatro horas.
Nos meus sôfregos giros, não raro, recorro à bondosa santa, mãe de minha paróquia.
Enquanto ando - passos largos e firmes -, peço à Senhora da Luz, entre outras coisas, que me não deixe desistir do cansativo, mas necessário, Cooper que faço sob suas vistas. E ela me tem ajudado. Estou ganhando a luta contra o maldito LDL.
Ao longo da caminhada, vou registrando momentos de real ternura que, possivelmente, passariam despercebidos aos olhos de um "atleta" desligado, que não é o meu caso.
Casais de namorados, por exemplo, festejam, com demorados beijos, o encontro na pracinha, na chegada do crepúsculo.
Criancinhas brincam nos balanços do parquinho (nem sempre bem cuidados), vigiadas, carinhosamente, por suas mães e ou babás.
A pracinha da Luz também é ponto de encontro de casais separados. Diante do sorriso inocente dos seus filhotes, eles constroem um momentâneo e elogiável pacto de boa convivência.
Começa a escurecer.
As lavadeiras ou lavandeiras, os pardais e as rolinhas foram dormir. As icsórias vão aos pouco perdendo seu colorido; murcham lentamente, para ressurgirem mais vaporosas, logo as luzes da praça sejam acesas.
Começa a escurecer.
As crianças se despedem de seus papais. E com carinhas de saudade, acompanham suas mamães...que parecem desapontadas com a brusca separação.
Começa a escurecer.
Os namorados, resguardados pela penumbra do crepúsculo da Pituba - um dos mais bonitos de Salvador - vão continuar se amando... se amando... até com mais intensidade...
A caminho de casa, olho pro meu relógio; seus ponteiros me mandam rezar a Ave-Maria.
É a hora nostálgica do Angelus.