VENTO MENINO
O meu quarto é um santuário, onde durmo o sono dos deuses. Lá fora zoa o vento forte com brando e assovia. É nessa hora que eu me enrosco ainda mais no cobertor.
Pela janela vejo um vento menino que me sorri, dá pancadinhas no vidro e me chama. O danado quer brincar, mas nesse frio, eu não quero não! O vento menino insiste, dá volta na casa, bate na porta da sala.
Papai abre a porta do meu quarto com cuidado, para não me despertar. Na ponta do pé, me dá um beijo de leve na ponta de meu nariz. Já é hora de ir trabalhar....
Enrosco debaixo da coberta, não quero saber de acordar. Mamãe com aquele cuidado de sempre dizer baixinho:
- Ernesto, feche a porta com cuidado, deixa o menino dormir!
Meu pai vai para porta da sala, e dá um beijo faceiro na bochecha de mamãe.
E o danado do vento menino, em atrapalhada correria, aproveita essa hora, e sai correndo pela sala a fora. Faz uma bagunça danada! Tromba no porta-retratos do armário, entorta o retrato da parede, espalha os papéis em cima da mesa. Mamãe se apressa e fecha a porta... antes que este vento danado quebre sua jarra de porcelana.
Mas, o vento menino é esperto. Já driblou o time inteiro da sala, agora está no corredor, a olhar desconfiado, quer saber, qual é a porta do meu quarto!
Saí agora desembestado, entra no quarto de mamãe, saí decepcionado...
Resmunga desapontado:_ Não é o quarto de meu amigo Joãozinho, não!
A segunda porta à direita, também está fechada, mais essa eu sei que não é de meu amigo, tem uma maçaneta rosa, e é toda enfeitada.
Já na terceira porta, o vento menino estava pensativo em como acordar o seu amigo.
Olhou bem aquela porta, teve em um estalo uma ideia. A porta não tem chave na maçaneta e tem frestas em sua soleira. Se esquivou... se espremeu todinho, o danado do vento menino!
Entrou pelas frestas da porta, e me deu um susto. Realizou o seu ensejo, de acordar o amigo!