Calendário


Esses dias, devido a falta de bateria em meu celular, me vi à procura de um calendário, para  verificação de data de aniversário de uma amiga, procurei pela estante e na mesa ao lado do telefone, pois na parede não tenho o hábito de fixar, e nada de encontrar, depois uma busca, pela casa, encontrei um destes com símbolo de banco, na gaveta, lugar menos improvável para contagem do tempo.

Foi-se o tempo em que o comércio dispunha destes impressos gráficos coloridos, festivos e com imagens que chamavam a atenção,devido ao simbolismo de cada figura. Muitos fixavam na parede e ali faziam a marcações necessárias. Em casa tenho só este de apoio e uns de bolso que ninguém nunca usou, estão relegados a segundo ou terceira opção, pois com o advento do celular, que carrega várias funções, uma delas, ter calendário, fica desnecessário manter na carteira um destes para consulta.

Na casa de meus pais, ainda há o hábito de manter um calendário ou a popular "folhinha", que minha mãe, outrora fazia questão de pedir no açougue, padaria, entregador de gás, mercearia e até na feira livre, alguns feirantes dispunham deste artifício de propaganda e mídia, agora um tanto arcaico, mas antes muito procurado pela praticidade de manter a contagem do tempo nas mãos. As anotações, que meu pai faz na "folhinha", vão desde a data que ligou o gás ( para saber quanto tempo dura em uso um botijão), até a data da vacinação do cachorro, passando pela  data da compra do óculos, bem como o vencimento das parcelas; meu pai não abre mão deste recurso mnemônico e tenho pra mim, para ele de alta valia, pois até as datas de consulta médica ele circula no tal calendário.

Tenho em casa, como recordação alguns calendários de bolso de figuras famosas e com designers bem criativos (jogo do bicho, Ayrton Senna, Festividade de Aparecida, Festa da uva, Charles Chaplin, pescaria entre outros).

Lembro que houve um tempo, que nas oficinas mecânicas eram um deleite pra olhos masculinos, aqueles calendários mais ousados e sensuais, em que as "musas" eram fotografadas em poses provocantes e quases ou totalmente nuas, e isto só alimentava o libido masculino, e constrangia as mulheres que vez por outra entravam na oficina e se deparavam com aquela pose  mais fogosa, tenhoum exemplo em casa, quando eu  e minha tia fomos num local destes, e logo na entrada, num cantinho, estava a diva numa pose, pra minha tia, obscena, tanto que ela me arrastou pra fora e ficou conversando com o mecânico,um tanto despreocupado com o fato, do lado de fora. Hoje em dia, nem sei se tem mais a famosa "garota do calendário", pois não vou à oficinas, mas lembro que uma empresa de pneus fazia um disputadíssimo ensaio fotográfico com mulheres "esculturais" e "fatais" e isto era manchete de uma tal revista muito popular.
Tempos idos, tempos vividos.

Ao lembrar do caléndário, vejo que todas as datas significativas do meu clã já passaram, restando apenas a mais colorida e pra mim a mais e mais mística, o Natal, embora hoje em dia poucos festejem, até em casa fica difícil reunir a "tribo" , que cada ano fica menor, para este feito, mas ainda assim, cultuo a data com simbolo de renascimento e luz.

Estamos aí às portas de uma nova virada de ano e quer gostemos ou não o tempo passa e é inexorável e implacável, seja em folhas de papel, seja na tela de celular, só muda o estilo, pois a contagem do tempo, ainda é a mesma, imperiosa!




 
Lia Fátima
Enviado por Lia Fátima em 23/11/2018
Reeditado em 23/11/2018
Código do texto: T6510152
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