[Crônica de uma quarta-feira desesperada]
Eu tiro um som no violão do Legião que diz: "Dissestes que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a sua casa, mas a vizinhança inteira..." [...] Hoje a manhã foi foda. Parecia que todos os anjos caídos foram enviados por Satanás para cantar óperas de terror à minh'alma... Eu soh conseguia repetir em meus pensamentos a frase: "Força, eu preciso viver porque eu vivo pra esperar..." Era meio dia e eu soh tinha tomado um Rivotril. Até as três eu me forcei a viver como uma mãe força um filho a sair de seu ventre... Daí tomei, lá pelas três, o segundo Rivotril e mágica: o desespero passou! Fiquei em paz... Sagrado remédio! Sagrado remédio!!!!!!! Mas lá pras nove horas o efeito passou e Satanás voltou a me abraçar com suas asas... Visitei minha vó e passei uma hora por lá como quem está no corredor da morte à espera da hora derradeira... Então cheguei em casa e fui pra varanda com meus fones, o Facebook nas mãos e meus cigarros e o desespero passou. O desespero passou cara... Fones de ouvido, uma ideia filosófica pra trocar e alguns cigarros me salvaram do flamejante chão do inferno! O desespero se foi, eu tô de boa já faz umas três horas (agora é uma da manhã). O desespero passou, mas a tristeza não... A dor desse amor me devasta o coração, e me faz infeliz não ser algo que a agrade com a minha companhia... [...] Eu não sei qual é a dor q sente uma mãe ao perder um filho, pois não sou mulher, mas sei bem q diferentemente do dinheiro, o sofrimento é divido em partes iguais para cada ser humano, e eu perdi Meu Grande Amor, e isso dói igual a uma mãe q perdeu um filho. Dói igual. Não seria justo doer mais nem menos: dói igual mesmo... [...] Eu queria falar das músicas q amo, dos livros que li, dos quadros q vi, mas eu não uso máscaras, e a minha face, como disse Fernando Pessoa, é um girassol com o rosto dela estampado no meio... Eu queria torcer pra algum time de futebol, mas não torço pra nenhum... Eu queria amar outra coisa q não fossem akeles olhos negros, mas não amo. Eu sou isso. Um livro aberto com páginas tristes. [...] Em 2009, poucos meses depois do fim do nosso namoro, quando eu ainda acreditava em Deus, eu orei assim: "Pai, em nome de Jesus, arranca-me uma perna, mas traz-me de novo o abraço dela"... Hoje eu não acredito mais em Deus, nem q tenhamos Alma, nem em vida após a morte e nem q a vida faça sentido: eu só acredito nesse amor q por ela sinto... Sigo sem fé, sem oração, sem massagem, nessa minha guerra entre a vida e a tristeza... [...] Ainda tenho alguns cigarros e alguma bateria no celular. Vou pra varanda beber do frio escuro da noite enquanto escuto a música q salvou a minha vida de mim mesmo: Te Esperando, do Luan Santana... Porque pensa comigo? É mais negócio esperar ela ficar viúva, velhinha e gagá pra jogar de novo um xavéco do q meter um tiro de 12 na cabeça! Bombeiros salvam vidas, Luan Santana salva outras. Eu soh agradeço esse cara por essa ideia, porque se não fosse por essa música, se não fosse por essa música, eu já teria abraçado o frio e escuro abismo da morte há muito tempo e vocês já não veriam minhas letras banhadas nas lágrimas de sangue que essa saudade me traz... [...] Mas e daí? Ela nem está aqui... Tanto faz: Ela nem me ama mais... [...]