Crônica saudade de mãe
Com dois anos eu já estava órfão de mãe, já não tinha mais o afeto materno e já morava na casa do meu avô com as minhas três tias paternas. Nunca tive o gosto de ouvir a voz da minha genitora e nem receber conselhos dela porque a perdi muito novo e daí pra frente só me veio saudade e muita emoção. Eu tive sem sombra de dúvida três mães adotivas, três criaturas boas porém o amor materno é insubstituível. Ninguém faz mais falta a um filho do que uma mãe honesta, uma boa genitora que quando morre deixa uma falta imensa a sua prole. Meu maior desgosto era ser tratado como menino ruim de maus costumes ou que não dava para coisa boa. Quando eu ia com as minhas tias a casa de nossa gente eu era bem recebido no entanto estando só o tratamento era outro muito diferente. Minhas tias fizeram por mim muita coisa boa embora eu não tenha compreendido, entretanto foram três mães adotivas, três pessoas sinceras que nunca me deixaram só e nem me desprezaram até a morte. Com oito anos eu tive vontade de deixar o nosso lar e viajar mundo afora à procura de um lugar alegre onde eu não me lembrasse mais da minha triste orfandade. A tia Ana fazia por mim o impossível, no entanto nada disto apagava a minha tristeza e a lembrança de minha genitora Donatila de Santiago Lima. Com sete anos eu lia Gustavo Barroso, Coração de Menino e sentia que o genial escritor também tinha perdido a sua mãe aos dois anos de idade e como eu sofria a mesma dor.