Um Papai Noel sujo de graxa

Para o resto do mundo, aquele que é natural do Polo Norte, que se anuncia com um ho ho ho, vestido de vermelho, e com barbas brancas, ficou assim personalizado... um ícone.

É curioso... tem a minha casa e o resto do mundo, isso soa como se a minha casa fosse um efeito especial; não, eu moro numa cidade, numa rua, minha casa, que tem um número, e tenho até um CEP, ainda assim eu tenho a impressão que a minha casa foi pintada na moldura, quando foi pintado o mundo.

Onde eu moro o Papai Noel chega, literalmente, pela chaminé, quando todos os outros chegam, apenas de forma figurativa pela chaminé. Ele cai na minha sala todo sujo de preto, mas não de um preto decorrente da fumaça, mas de um preto manchado por graxa, gordura, como se eu assasse o peru na chaminé.

Não sei se é pessoal, se é fraude, ou contágio capitalista, como também não sei se existe uma Ouvidoria, uma Central de Reclamações a quem eu possa apelar... mas o Papai Noel lá da minha casa está em conluio com o meu 13º. Invariavelmente, a cada Dezembro quebram minha máquina de lavar, meu portão eletrônico e meu bebedouro elétrônico.

Sim, eu sei, são muitos danos para um Natal, por outro lado tudo fica explicado: o Papai Noel desce pela chaminé, pois o portão está quebrado; chega sujo, pois a máquina de lavar está quebrada, e chega com sede, pois o meu bebedouro está quebrado, e tudo isso me irrita... pois eu acabo ficando “quebrado”.

O resto do mundo reclama do IPTU, do IPVA, do IPSEI LÁ, que acompanham o 13º Salário, eu acrescento a essa lista os consertos da máquina de lavar, do bebedouro e do portão eletrônico.

Eu nunca faço ameaças, apenas comuniquei ao Bom Velhinho que, se além das avarias natalinas, às quais eu já me acostumei, se meu carro também quebrar eu não mandarei consertar... passarei a usar o trenó que era dele...do Bom Velhinho engraxado.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 21/11/2018
Reeditado em 21/11/2018
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