COMUNIDADE DAS ALMAS. 8
Todas as águas são uma só coisa, ainda que doces ou salgadas, e todas buscam o encontro com o que foi um dia uma só e primeira coisa antes de dividir-se, o oceano.
Há um lugar onde se encontram todos achegados em espírito. É como os oceanos. A “Comunidade das Almas”.
Não são eleitos ou pretensiosos que lá estão, mas aqueles que conseguem em algum momento e por pouco tempo conviver com outro espaço diverso do que habitamos. Sem apontar direções. Pois elas não existem, poucos podem entender, alguns podem perceber, pouquíssimos sentirem. Neste sentimento está a possibilidade de transitar pelo planeta sem muitas dificuldades. Aceitar sua condição como ser humano é requisito primeiro.
Devaneio....?
Não, realidade factível e vivida, independente de credos, sistemas, ideologias, liberdades e posicionamentos de qualquer gênero e, bom de frisar, longe de qualquer droga que traria, como indicam os usuários, deleites e visões.
Poucos conseguem alguma coisa neste espaço de “sentir” a unidade, onde vive-se com paz, sem revoltas, sem acolhimento de regressões da correção, estabilizado nas crenças de seus valores. Um rasgo nas planícies da calma absoluta, um voo de consciência.
Nesse espaço as almas passeiam e se frequentam. Nele há um silêncio eloquente e arredio quando irrompe a surpresa do barulho sem forma e fundo. O clamor desordenado agitado por muito pouco, o pouco que não compreendem e move energias. Sem resultados.
Elas se encontram no silêncio onde algo mais existe além do que vivemos. Não é alcance fácil, mas possível, não é um êxtase prolongado, mas seu mínimo eleva e nos leva ao máximo da existência e nos faz compreender que somos muito mais do que somos em corpo. Um instante de luz....
Nenhuma folha de uma árvore amarelece sem o consentimento de toda a árvore, assim funciona o todo, e nada retrocede sem que tenha estado adiante, como determina o senhor absoluto e testemunha de tudo, o tempo .
O eixo de tudo tem uma só causa e ela está dentro de nós, basta achá-la. A Comunidade das Almas conhece essa energia testemunhada pelo silêncio, nela se encontra a chave do inevitável e a calma.