ESTRATÉGIA E IGNORÂNCIA
Não se pode esperar nada desse governo que já assumiu antes mesmo da diplomação. A antecipação vem do acordo com Michel Temer e da necessidade de mostrar aos patrocinadores que já estão trabalhando na agenda de repassar o Brasil às suas mãos.
Ao anunciar cada nome que comporá seu governo, Bolsonaro dá sinais efetivos de que caminhamos para trás, para o retrocesso econômico e social. Quando chegar dia primeiro de janeiro, em sua posse, muitos de seus eleitores já terão saído do estado hipnótico e terão a dimensão do erro que cometeram.
Essa semana, foi anunciado Ernesto Araújo como ministro das relações exteriores. Ernesto não acredita em mudança climática, como se isso fosse algo tipo 'saci' ou "ET", em que se acredita ou não. Ele diz que mudança climática é 'climatismo' criado pela esquerda. Ele escreveu em seu blog: "A tática da esquerda consiste essencialmente em sequestrar causas legítimas e pervertê-las para servir ao seu projeto de dominação total."
Esse ideologismo que vive na cabeça de Bolsonaro, sua equipe e seguidores é fruto da ignorância, e também é uma estratégia para manter as causas autênticas em plano menor, longe do olhar crítico da sociedade. Enquanto isso a Amazônia vai saindo do nosso mapa geopolítico e toda aquela riqueza vai deixar de ser nossa. Somos espectadores da nossa própria tragédia.
Só para lembrar, o ministro das Relações Exteriores do Brasil no Governo Lula, Celso Amorim, foi apontado pela revista norte-americana “Foreign Policy” como o sexto “pensador global” mais importante do ano de 2010, em uma lista com 100 nomes, com o mérito de “transformar o Brasil em ator global."
Ricardo Mezavila.