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Imagem da WEB.
Nebulosa da Ampulheta descoberta em 1955 por
Annie Jump Cannon e Margaret W. Mayell.
(Imagem do telescópio Hubble)
O tempo está se esgotando para a estrela central desta nebulosa,
que se assemelha a uma ampulheta.  
Com o seu combustível nuclear quase se esgotando,
está em final de vida  —  vida breve e espetacular.



 
SOBRE O TEMPO/ESPAÇO
(Teoria do absurdo)
 
     À aproximação do fim deste ano, lembro-me de Roberto Pompeu de Toledo quando nos fala do genial fatiamento do Tempo (reflexão, às vezes, atribuída ao grande Drummond):

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. 

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.”

     Matutando sobre inteligente observação, quedei-me a imaginar outras fatias de tempo, tal como o milênio e suas subdivisões, até chegarmos ao popular “segundo”. Segundo?  Hã?  Já foi... Rápido, né? Espere...

     Considerando minha autoridade, ainda que  enviesada, eis que meu xará, o Newton, andou falando algo sobre gravidade, e responsável que é por boa parte da interpretação do tempo no mundo moderno,  tomei para mim o direito de também dar o meu “pitaco” sobre o assunto, fatiando esse “tempo/segundo” indefinidamente, cuja tendência será a de chegarmos ao tempo/espaço zero – fatia vazia, portanto, indivisível por inexistente que é. Sem partes.

     Ora, se no fatiamento do “tempo/segundo”, levado ao "limite da exaustão", vamos chegar ao tempo/espaço zero, podemos concluir que o tempo/espaço a que chamamos “Presente”, não existe no mundo real.  Trata-se de visão errônea, equivocada,  eis que não possui concretude, materialidade, sendo, portanto, simples noção teórica,  espécie de justificativa para criação dos conceitos de “Futuro” e “Passado”, para satisfazer (dando lógica) a curiosidade atávica do Homem sobre sua existência.

     Daí, se o "Presente" não existe, sendo apenas um ente fluído indivisível, etéreo, metamorfose de Futuro em Passado e,  considerando que Futuro (expectativa) e o Passado (lembranças) são simples conceitos, por óbvio, podemos afirmar que o TEMPO/ESPAÇO não existe!     

     Mais: se pudéssemos, em um filme, fatiar a fita quadro a quadro, observaríamos que não existem duas cenas exatamente iguais, congruentes cem por cento, eis que ambas refletem  algo em movimento: Futuro e Passado. Assim, a ideia de uma cena estática (Presente)  não existe. Caso contrário, seria mero retrato...
     
     Da mesma forma, se tomarmos uma reta “r” como interpretação da linha do tempo de vida de uma pessoa, poderíamos representá-la pelos pontos “A” (nascimento) e “B” (morte). Vemos que a linha do tempo é contínua, sem interrupção, sem parada, sem ponto estático  (Presente). Aí, surge a necessidade de se estabelecer o momento em que Futuro se exauri ante o surgimento do Passado, aplicando, para tanto, um ponto "P" sobre essa reta. Este ponto “P”, então, estaria representando o Presente? Não. Dado que ponto é um conceito primitivo sem definição, sem dimensão e forma, confirma-se, assim, a tese de que “Presente”, não existe no mundo real.
     Quando me deparo com os diversos conceitos/definições de ponto e, a fim de não complicar muito a vida dos meus neurônios, já em dispersão,  penso que ponto é um “espaço” imaginário, que se situa entre a ponta de uma agulha e uma placa de vidro, sobre a qual essa agulha está apoiada. Isso é o ponto, para mim.

     Por derradeiro, se considerarmos um continente em que nele estejam dois conteúdos representados por uma parte de óleo (V1) e outra de água (V2), fica evidente a presença de, somente, dois entes: certo volume de água (cristalina, virgem) – que chamarei Futuro; e outro de óleo (turvado) –este, Passado.  Como meio de  transição da água para o óleo, observamos uma área “ß” (bidimensional, portanto sem  a terceira dimensão espessura), o que a impede de ser considerada ou visualizada, lembrando que plano também  é uma noção primitiva (área, superfície). Então, o que existiria entre Passado e Futuro seria o "Presente", mas, como vimos que "Presente" é, comprova-se mais uma vez, apenas uma  noção primitiva, conclui-se que o mesmo  inexiste fisicamente.
Obs.: V1 e V2 possuem volume apenas para uma representação clara da inexistência de espessura (Presente) entre eles.

     Apoiando todo o exposto, temos que no Universo nada é estático, encontrando-se todos os seus entes em movimento contínuo. Mesmo uma inofensiva rocha aparentemente estática, está em movimento, tendo em vista que tudo é composto por átomos e, dentro deles, os elétrons em suas loucas órbitas.

     Posto que o próprio Universo encontra-se em expansão, por que, então, seria o “Presente”, o único ente estático do Universo?

     Se a paciente leitora, ou leitor, ainda está em dúvida quanto à ideia da existência ou não do que chamamos “Presente”,  recorro ao argumento derradeiro, fatal, do genial Cazuza: Às vezes, "... ideias não correspondem aos fatos... O tempo não para, não, não para...”
C.Q.D.
 
N.A.: antes de emitir juízo sobre minha sanidade mental, rogo observar o subtítulo do texto, bem como sua  categoria: humor.

Recomendo:
MARIPENNA.

Novecentos e noventa e nove octilhoes de
MARK SCOAT, pág. 3 de 23/02/2011. 


A HORA DO ADEUS, de 19/11/2018, poeta
LILIAN VARGAS.