AS VAQUINHAS ERAM AS LOCUTORAS
Crônica
por Enzo Carlo Barrocco
Já nem temos o que falar da sujeira da política brasileira. É de uma sordidez, que cada vez que sabemos de uma falcatrua, ficamos de boca aberta, silenciosamente abestalhados. Vejam o caso do senador Renan Calheiros acusado de vários atos ilícitos desde o dia 26 de maio passado quando a Revista Veja revelou, primeiramente, que Renan recebia recursos da empreiteira Mendes Júnior, por intermédio do lobista Cláudio Gontijo, para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso. De acordo com a revista, o lobista arcaria com o pagamento do aluguel de R$ 4.500,00 de um apartamento de quatro quartos em Brasília, assim como da pensão mensal de R$ 12.000,00 recebida pela jornalista que tem uma filha com o senador. Dois dias depois, Renam foi à tribuna do Senado para pedir perdão à família e desculpas ao lobista Cláudio Gontijo pela exposição do seu nome. Que desfaçatez! Daí para frente foi uma enxurrada de denúncias, gerando então vários processos na cabeça do senador. A própria Mônica Veloso afirmou, através de seu advogado que recebia os pagamentos do lobista Cláudio Gontijo, em dinheiro vivo. Evidentemente que Renan se defendeu, mas o Jornal Nacional, da Globo, informou que foram encontradas supostas irregularidades dos documentos apresentados por Renan na Defesa feita ao conselho de Ética. O senador Epitácio Cafeteira, não levou em consideração esta informação, pois disse que seu relatório foi elaborado anteriormente às denúncias do jornal. Alguns dias depois novas denúncias afirmavam que o senador usava notas frias para comprovar venda de gado de suas fazendas no valor de R$ 1,9 milhão num espaço de tempo de quatro anos. Mostrou documentos, mas a Polícia Federal os recolheu para fazer análise de notas fiscais, cópias de cheques e guias de trânsito animal disponibilizados por Renan. Depois de mais denúncias e muitas idas e vindas, Renan ainda foi acusado de ser sócio oculto de uma empresa de comunicação de Alagoas. Ele teria usado “laranjas” e pago 1,3 milhão em dinheiro vivo, parte em dólares, para virar sócio de duas emissoras de rádio em Alagoas, que valem cerca de R$ 2,5 milhões. O fato é que depois de várias manobras para que a votação fosse secreta, ontem 12.09, os colegas senadores absolveram o sacripanta, sacripantas que são, por 40 votos contra 35. A quem apelar? O inusitado é que nas próximas eleições um canalha desses ainda é reeleito pela ignorância de brasileiros que se deixam roubar vergonhosamente. Brasileiros comuns que reelegendo um escroque desses se tornam, mesmo inconscientemente, coniventes com situações desse tipo. E tudo isto, meus caros, aconteceu dentro do Senado Federal, em Brasília, imaginem os senhores, o que acontece nas Câmaras Municipais de cidades em todo o Brasil, Assembléias Legislativas Estaduais, Prefeituras, Governadorias e todo tipo de instituições, que não são poucas por esse Brasil afora. Mônica Veloso (vejam só!), ainda pousou nua para a revista Playboy, angariando mais alguns trocados, somados àqueles roubados inescrupulosamente de nossos bolsos. E o senador? Livre, leve e solto vai continuar metendo a mão nos cofres do Estado, zombando das nossas caras lambidas e de nossa incompetência para eleger políticos comprometidos com as causas mais urgentes do povo brasileiro.