Pauliceia desamada
Já era tarde da noite quando a doce e inocente jovem Amélia voltava para casa. Exausta da rotina correu para pegar o último vagão do trem daquele dia. Sentou-se em um assento afastado e encostou sua cabeça pela primeira vez deixando todo o seu corpo relaxar em conjunto da sua mente.
Deu play na sua playlist favorita e se deixou levar pelo balançar melancólico da viagem. Mesmo de noite a menina conseguia enxergar a beleza daquela cidade tão populosa que era São Paulo. Em sua imaginação borbulhavam os pensamentos a respeito de tantas histórias que estavam acontecendo ao seu redor. Términos, retaliações, o primeiro beijo, o nascimento de uma criança e a morte de um ente querido. Tudo acontecendo em perfeito equilíbrio, como se seguisse um manual de instruções invisível. Nesse emaranhado de pensamentos amélia se entretinha por horas até que o mundo real a trouxe volta. Ao seu lado se sentou um jovem que despertou sua atenção. Em uma das mãos a garota pode perceber que o menino segurava uma única flor, que anteriormente poderia ser magnífica mas agora se encontrava despedaçada. O menino vestia um capuz, no entanto mesmo sem enxergar seu rosto, Amélia tinha certeza que o mesmo chorava. A empatia da jovem era tão grande que queria tentar ajudá-lo – supondo saber o motivo daquilo – mas assim que a menina tomava coragem, o garoto triste se levantou, deixando para trás no chão sujo e borrachudo do vagão a rosa em seu pior estado.
Aquele evento, deixou Amélia pra baixo. Ela tirou seus fones de ouvido. Olhou para a janela e sentiu as cores de sua cidade se esvaírem um pouco. O amor em São Paulo existia? Para amélia naquela noite esse tal amor acabou não mostrando serviço.