MAIS UMA QUE PARECE MENTIRA
O meu escritório de advocacia era na Vitoriano Borges, esquina da Luiz Gama, onde hoje funciona a Escola de Cabeleireiro.
A clientela era modesta. Dava expediente no BB das sete às treze horas. Mas às vezes apareciam questões bem inusitadas.
O patrício voltara do Japão há poucos meses, onde estivera a trabalho por cinco longos anos. Casado, deixara a família em cidade próxima.
Nesse período, como muitos japoneses que trabalham lá, arranjara também uma companheira, japonesa. E com ela teve uma filho, hoje com três anos.
O problema é que a japonesa veio junto ao Brasil. Instalou-a aqui em Lins. Como se dedicava à profissão de vendedor, podia visitá-la sem despertar suspeita de nenhuma delas.
Mas um dia, a japonesa soube por denúncia anônima e apresentou ultimato ao patrício. Ou ela ou a outra.
Procurou-me para ajudá-lo. Gastasse o que fosse necessário. Mas queria livrar da japonesa.
Fui procurá-la. Com o meu japonês capenga convenci a fazer proposta. Tantos milhares de reais, passagem de volta e que filha ficasse com ele.
Ele aceitou. A criança ficou com avó.
Todos os fins de ano, ela mandava um presente para a filha por meu intermédio e pedia foto atualizada da criança.
Um ano não chegou nada. Soube que tinha falecido.