Algumas saudades...


                              O que foi felicidade
                              Me mata agora de                               saudade.
                                               Roberto Carlos


     1. De repente - como tantos outros, como eu, sobreviventes -, chego ao tempo em que a saudade passa a fazer parte de minha vida, alongada pelos anos já curtidos e bem curtidos. A saudade me segue ou me persegue, trazendo-me de volta minhas mais distantes relembranças doces.
     2. Chego, assim, ao tempo em que, às vezes surpreendendo, às vezes assustando, mas nunca chateando, aquele, aquela, isto, isso, aquilo me devolvem um montão de ternas recordações de tempos idos. É muito bom. 
     3. E aqui, a quem interessar possa, algumas - poucas, muito poucas -, de minhas saudades; que, minha amada leitora, meu distinto leitor, também podem ser as suas. Nada impede que tal aconteça. 
     4. Vamos lá. Saudade daquela novena que rezei com ela; saudade das festinhas que, ao som de um bolero, dançamos, de rostinhos colados; saudade daquela pracinha, onde começou um romance, recheado de mil promessas, saídas do fundo do coração.
     5. Saudade dos filmes que vimos juntos, uma, duas, até três vezes. Me lembro desses: "As pernas de Dolores"(1957); "Matemática dez amor zero"(1960); "Agulha no palheiro"(1952); "Assim caminha a humanidade", com Rock Hudson, Elizabeth Taylor e James Dean; "Suplício de uma saudade"(1955), com William Holden e Jennifer Jones. 
     6. Sem esquecer, certo, as ingênuas e divertidíssimas chanchadas da Atlântida, com Grande Otelo, Oscarito, Zé Trindade, Cyll Farney, Anselmo Duarte, Fada Santoro, Eliana, Violeta Ferraz, Ankito, Renata Fronzi, Ilka Soares e Zezé Macedo. Lembro-me dessas: "Nem Sansão nem Dalila"; "Aviso aos navegantes"; "Carnaval no fogo" e o "Homem do Sputinik". 
     7. Saudade das músicas, bregas e românticas, alegres e tristes que ouvimos juntos, num final de noite...Músicas de Orlando Silva, Silvio Caldas, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Cauby, Cascatinha e Inhana, Tito Madi e muitos outros cantores e cantoras, de enorme sucesso, naqueles tempos, tempos de ouro do rádio. 
     8. Na manhã de hoje, aí por volta das cinco, no meu IPhone, com a ajuda da RadiosNet, sintonizei uma rádio de Manaus. A emissora manauara tocou duas vezes "Jovens Tardes de Domingo", canção, de 1977, do Erasmo e do Roberto Carlos. 
               "Eu me lembro com saudade/ o tempo que passou/ o tempo passa tão depressa/ mas em mim deixou = Jovens tardes de domingo/ tantas alegrias/ velhos tempos, belos dias = Canções usavam formas/ simples pra falar de amor/ Carrões e gente numa festa de sorriso e cor = Jovens tardes de domingo/ tantas alegrias/ velhos tempos belos dias = Hoje os meus domingos são/ doces recordações/ daquelas tardes de guitarras/ sonhos e emoções/ O QUE FOI FELICIDADE/ ME MATA AGORA DE SAUDADE/ velhos tempos belos dias".
     9. Nem preciso dizer que essa música do Roberto, abrindo meu dia, fez-me voltar a falar de algumas de minhas saudades, confessando-as, publicamente.
     E, como afirmei, também podem ser as suas, leitor e leitora generosos, que perdem tempo lendo as asneiras que ando escrevendo e ainda me atrevo a publicá-las... 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 15/11/2018
Reeditado em 17/12/2020
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