O cafézinho da rodoviária
Quando criança, eu mergulhava nos rios do sítio dos meus avós.
Nós brincávamos de reter a respiração ao máximo.
Quando sentíamos que não aguentávamos mais, muitos goles de água revoltas, misturadas com areia, nós engolíamos.
Sorvo o café da rodoviária pensando nesse tempo mágico.
Pagando um preço caro para uma xícara de café com gosto da areia das tubulações da cidade.
Mas a lembrança daquela época enche o meu paladar de emoções,
E perdoo a ganância do vendedor e enganador.
Crianças nós desconhecemos os perigos,
A proximidade da morte,
A vida para nós é uma brincadeira,
Uma companheira que nunca nos abandonará.
Nas rodoviárias as pessoas não acreditam no dia de amanhã.
Levam 2,3,4 malas de roupas, imaginando a queda de temperatura, com as tempestades, nas tardes de verão.