NATAL PERTUBADOR
E inesquecível. Sempre retorna à mente acompanhado de certa melancolia.
Era véspera. A noite estava bem gostosa. Enluarada. Sem aquele calor de dezembro.
Lá pelas vinte horas, toca a campainha . Estava iniciando a ceia.
Fui atender. Era uma senhora, ainda jovem, não oriental, com casal de crianças, uns cinco a dez anos. Via-se que o pai era de origem japonesa.
Disse que morava em Birigui. Soube que o marido tinha voltado do Japão aonde fora a trabalho, mas não chegou em sua casa. Disseram que estava em Lins na casa de conhecidos. E indagou se não sabia do paradeiro dele.
Lamentei informá-la de que não tinha conhecimento de nenhum patrício que chegara do Japão, recentemente.
Antes de despedir, fez-me oferta surpreendente. Perguntou –me senão queria adotar o menino, já que estava passando necessidade, sem a ajuda do marido.
Surpreso, disse-lhe que não era momento propício para tratar de assunto tão sério como aquele. Que tal voltasse outro dia, para discutirmos?
Nunca mais soube dela. Nem em Birigui ninguém conhecia essa história.