Prisioneiros das Narrativas

Viajando ao passado e ao futuro, “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade” e Homo Deus: Uma Breve História do amanhã” obras do israelense Yuval Noah Harari venderam juntas mais de 12 milhões de exemplares. Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, Harari é professor na Universidade Hebraica de Jerusalém.

Em “Sapiens” a viagem é pela nossa evolução desde a Idade da Pedra até o século XXI. Pela teoria de Harari nossa espécie dominou o planeta por ser a única com capacidade de acreditar em coisas que não existem na natureza, e são produzidas pela nossa imaginação. Tudo é ficção desde os deuses até o dinheiro.

A viagem de “Homo Deus” é uma especulação de para onde nossa evolução nos levará baseado nos caminhos que nos trouxeram até aqui. O detalhe importante desta viagem futurística é entender que a tecnologia se incorpora em nossas vidas como se fosse uma segunda pele. Que futuro daremos ao nosso planeta.

Com “21 Lições para o Século 21”, Harari desembarca na atualidade. As lições vão desde compaixão, preconceito chegando as fake news. Dos conflitos nucleares aos desastres ambientais. Tecnologia, educação, secularidade e controle mental. Harari prevê um mundo totalmente diferente deste que conhecemos já em 2050.

Harari alerta para a dominação da Inteligência Artificial. Seu primeiro ato será deixar milhões de humanos desempregados. Só que este não é o pior dos cenários. O advento dos algoritmos que já vem ocorrendo transformará os humanos em seres obsoletos. Teremos a aparência de zumbis totalmente descartáveis.

A penúltima das lições discute as narrativas que nos embalaram na caminhada evolutiva. Todas elas baseadas em inverdades. Quais narrativas sobreviverão neste novo mundo. As religiosas? As Ideológicas? Quais narrativas terão a capacidade de se reinventar? Surgirão novas narrativas na forma de lavagem cerebral? Novos deuses?

Essa lição nos permite afirmar que “21 Lições para o Século 21” é uma bela narrativa criada por Harari sobre a nossa atualidade indo três décadas além. Não acaba aí. Ela nos leva de volta ao monstro assustador de “Sapiens”. O ser humano é totalmente escravo das narrativas falsas que ele próprio criou, sejam elas de crenças ou de ideologias.

Se você não se permitir ser um escravo, ainda assim será prisioneiro das narrativas. Podemos não acreditar nas narrativas que nos contam, mas não podemos evitar que a cada momento nossas mentes criem novas narrativas. E faça-se as fake news!

Na última lição Harari sugere a meditação como antídoto para o controle da mente, além de desfazer a crença que cérebro e mente são a mesma coisa. O cérebro é uma rede de neurônios. A mente é um fluxo de experiências subjetivas. Dor, prazer, raiva e amor.