A ESTAÇÃO RODOFERROVIÁRIA DE CURITIBA

A ESTAÇÃO RODOFERROVIÁRIA DE CURITIBA

Meu primeiro emprego em grandes obras foi como funcionário da Prefeitura de Curitiba, como Inspetor de Obras, em 1972 e 1973, na construção da Estação Rodoferroviária. Através de uma licitação, a Construtora Pussoli fora contratada para executar o empreendimento e a pavimentação da Avenida Affonso Camargo. Na época, era a maior obra em andamento da Prefeitura e muito aguardada, pois a antiga rodoviária, situada no centro da cidade, havia perdido sua função. Como a cidade já começava um processo de grande desenvolvimento, que elevaria Curitiba ao status da grande metrópole que é hoje e exemplo de soluções de urbanismo então inéditas no Brasil. Por trás dessa grande obra contavam-se muitas estórias. O projeto fora encomendado pelo prefeito Omar Sabbag ao IPUCC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, que apresentara um estudo de uma obra em forma de grande arco, com estrutura metálica. Apesar de não se agradar com a solução adotada, o prefeito orientou aos arquitetos do órgão que desenvolvessem o projeto executivo. Os profissionais do IPUCC, um órgão público, responderam que só fariam projeto se fossem contratados como terceiros, e cobrariam como tal. A resposta fez com que o alcaide esquecesse o IPPUCC e contratasse o engenheiro civil por formação e arquiteto por vocação Rubens Meister, então dono do mais respeitado escritório de projetos arquitetônicos da cidade. Foi então criado o projeto como se apresenta hoje, com algumas modificações implantadas pela URBS. A ligação inicial entre os blocos estadual e interestadual seria exclusivamente feita por dois túneis, hoje usados para uso de funcionários, guarda de materiais, etc. Contrariando a orientação de Rubens Meister, que desejava conservar o aspecto de amplidão do espaço interno da obra, foram implantadas duas passarelas em concreto protendido, independentes da estrutura original, que hoje são utilizadas. Um aspecto interessante foi a construção da estrutura dos reservatórios de água, localizados na entrada da Rodo, compostos de uma grande cisterna, uma torre com 32m em peças pré-moldadas montadas e ligadas entre si por Compound, um adesivo apóxico, e protendidas verticalmente, tendo os nichos de protensão junto cisterna. Interessante é que a bainha dos cabos é formada pelo conjunto de tubos contidos em cada peça pré-moldada que, justapostos, permitiram a passagem dos cabos. Na parte interna superior situa-se o reservatório que abastece as redes hidráulicas da estrutura. O que aprendi nessa estrutura me vale até hoje quando contrato um projeto com pré-moldados.

O mestre Paulo Wendler foi o autor do projeto e orientou um de seus engenheiros a dimensionar as peças pré-moldadas da torre da Caixa D´água. Moldamos várias peças, montamos quatro torres estaiadas de andaimes para elevar as peças. Curadas as primeiras peças, iniciamos os trabalhos de montagem da estrutura final. Surpresa desagradável: ao serem elevadas com cabos nas extremidades, surgiam fissuras nas peças. Dr. Paulo Wendler inspecionou os danos causados pelo manuseio e matou na hora. Não haviam verificado os esforços oriundos do manuseio. Uma revisão no projeto resolveu a questão e executamos a torre sem maiores problemas. As peças que sofreram danos são hoje utilizadas como bancos em diversos locais da Estação Rodoferroviária. Outros detalhes conto mais tarde.

Paulo Miorim 10/12/2018

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 11/11/2018
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