PIONEIRISMO

Desde os primórdios da colonização, Pernambuco se notabilizou como polo comercial, industrial e agrícola graças ao trabalho profícuo de Dom Duarte Coelho Pereira que se mudou com armas malas e baús trazendo a esposa Dona Brites de Albuquerque e mais um bocado de gente para transformar a nova terra num feudo produtivo.

O negócio deu tão certo que Pernambuco foi invadido pelos holandeses e nos vinte e quatro anos de permanência, graças à visão desenvolvimentista de Maurício, o conde de Nassau, houve incremento ainda maior, tanto que o conde foi chamado de volta, porque as más línguas diziam que ele estava preparando um país independente da Cia das Índias Ocidentais, onde ele seria o rei.

Talvez essas más línguas estivessem certas, porque com ele vieram artistas de renome, astrônomos, geógrafos, agrônomos, engenheiros.

Considerando as três Américas, foi nesse período que se construíram os primeiros palácios, armazéns, casas de alvenaria em bairros planejados, instalaram-se observatório astronômico, jardim botânico, zoológico e ponte.

Havia liberdade de culto e os problemas entre as pessoas eram resolvidos por juízes com total imparcialidade.

É dessa época a instalação da primeira sinagoga no Novo Mundo, na antiga Rua dos Judeus, no Recife Antigo.

Perto de 1654, quando os holandeses foram mandados de volta para casa, nascia em Pernambuco o Exército Brasileiro, com a mistura das três etnias que ainda hoje é decantada como a formadora da nossa identidade cultural.

Em 10 de novembro de 1710, no senado de Olinda/PE, Bernardo Vieira de Melo sugeriu que se criasse desde a desembocadura do Rio São Francisco até a fronteira Norte do atual Estado do Rio Grande do Norte um país independente do jugo português, para comercializar com os demais países do mundo a produção agrícola, principalmente açúcar e pau brasil.

Por causa dessa ousadia, foi denunciado, preso e enviado para Portugal onde morreu vendo o sol nascer quadrado.

Seu sonho só veio a se realizar, graças à Imperatriz dona Leopoldina, em 1822.

Claro que nesse meio tempo, por volta de 1789 há a Inconfidência Mineira, com Tiradentes sendo reconhecido como seu principal artífice.

Pernambuco continuou sendo polo de produção e as fortunas permitiram que os filhos dos senhores de engenhos fossem estudar na Europa de onde voltavam com ideias libertárias e de autodeterminação.

Várias foram as revoltas com cunho separatista e o governo central, aos poucos foi tolhendo a autonomia pernambucana, tanto em termos comerciais como territoriais.

O que hoje é o Estado das Alagoas e o oeste baiano, margem esquerda do Rio São Francisco onde se localiza a cidade de Barreiras, eram terras de Pernambuco tomadas por decreto imperial.

Pernambuco ficou pobre.

Perdeu terra e poder aquisitivo.

As cabeças pensantes como as que se notabilizaram na abolição da escravatura deixaram de ser formadas e nesta data, quando se comemora o feito de Bernardo Vieira de Melo, só temos a lamentar que nossa gente tenha se transformado em adoradores de bandidos que com o discurso falacioso da ideologia marxista impede o desenvolvimento regional, mantém a miséria e distribui cestas básicas para através dos currais eleitorais se perpetuarem no poder.