EXISTE VELHICE? 14
A velhice infunde medo e depressão?
Não existe velhice, mas o transcurso de uma existência terrena pelo que nos empresta uma Força Maior, para enriquecermos ou não nessa passagem uma estrada definitiva da alma que passeia no vento pelo aroma e paz do universo.
E o tempo aqui dessa pequena fase de uma vida plena, curtíssimo, um sopro no entendimento agostiniano, inicia seu andamento desde que se respira o primeiro oxigênio. Não há infância, adolescência, maturidade ou velhice, mas vida metamorfoseada na mutação serena e bela da natureza impulsionada em sua maior força criativa, o amor.
A velhice como tempo, existe para alguns e é indiferente para muitos, quando aplaca o vigor e pacifica o espírito. Nessa quadra da vida os que tiveram a sorte de galgar o alto da montanha como seres caridosos e de alargada compreensão, alimentada pelo conhecimento burilado e apurado na sementeira da vida, terão a grande visão da existência.
Só os que a percorreram intensamente sendo úteis, construindo, sendo iguais e perseverando no bem, na caridade, servindo a sociedade pela efetiva utilidade da vida, despojados de egoísmo, lutando e vencendo, ou ao menos se retirando para a iluminação, poderão saboreá-la, extrair dela os verdadeiros benefícios, usufruir seus ensinamentos e viver em absoluta paz e felicidade voltados para a luz do seu interior, imersos na descoberta do elo único que se aperfeiçoa na paz conquistada, visível a chama da eternidade.Tudo sem renunciar às suas posições firmes no combate ao indevido e à incorreção em todos os escaninhos da vida material e dos sentimentos. Entendendo e aceitando a inevitabilidade das limitações de seus semelhantes.
Assim será possível para o ancião olhar o passado e rever a longa caminhada quando aos vinte anos se consagrava aos estudos e ensinamentos e aos trinta continuava firme já então podendo entender o que estudou; divisar aos quarenta anos, a época em que afinou seus sentimentos já restando poucas dúvidas sobre o existir, abrindo a porta aos cinqüenta, quando compreendeu os decretos do céu possibilitando que aos sessenta, quase esgotado o caminho do entendimento, chega-se à compreensão e fosse um receptor da verdade, culminando a jornada com a felicidade aos setenta de ter o coração acima do cérebro; tudo podendo fazer sem violar o que é justo.