VIDA DE ESCRITOR É ASSIM.

EU ERA FAMOSO, NA MINHA TERRA, E NÃO SABIA!

Honorato Ribeiro.

Certa vez eu entrei no Bar Beira Rio e havia um jovem sentado e eu cheguei, puxei da cadeira e ficamos conversando, Era um ex-aluno meu. Então ele me disse: “Que honra minha está à frente de um grande escritor! Coisa que nunca aconteceu, pois é difícil a gente ver um escritor. A gente ler os livros deles, mas não conhecemos. Para mim, não só é uma honra, mas uma enorme alegria”. E eu lhe disse: talvez você seja mais famoso do que eu, pois é jovem estudante, inteligente e já tem um belo futuro na frente. Lembrando-me do filósofo Mário Sérgio Cortella que diz: “Ninguém nasce pronto”. Quem sabe um dia você possa escrever um livro? Eu nunca pensei de um dia escrever um livro; o tempo é quem diz e o porvir nos surpreende mostrando-nos um novo caminho a caminhar. É como bem disse Caetano Veloso: “Navegar é preciso, viver não é preciso” quem escreveu esta frase foi Plutarco na Vila de Pompeu.

Mas, continuando a dizer-me que eu era famoso e não sabia, indo pela Avenida Santo Antônio, depois do ABB, escutei alguém me chamando: “Seu Honorato Ribeiro, por favor, dê-me o seu autógrafo aqui no meu caderno”! Eu parei e vi que era uma jovem; dei o autógrafo, ela me agradeceu e saiu contente e feliz. Mas eu saí sem entender o porquê da alegria daquela jovem em receber meu autógrafo. Tudo bem, a vida é sempre a navegar e eu continuo a navegar sem saber o porto a me aportar numa estadia de poucos dias...

Sempre vou ao dentista nas terças-feiras. Chegando lá eu sentei para esperar a minha chamada. Na mesma cadeira que eu sentei, havia uma jovem morena sentada ao meu lado. Não sei quem era ela, mas era linda e um sorriso atraente. Veio a secretária e disse: Senhor Honorato Ribeiro dos Santos, - era a minha vez de sentar naquela cadeira do dentista abrir a minha boca e o Dr com aqueles instrumentos de limpeza e outros, e mais outro, colocou uma mangueira de água gelada... O tempo era enorme e nunca terminava – mas a jovem, quando ouviu a secretária chamando pelo meu nome, a jovem colocou a mão na boca e levantou como num susto e disse: “Meu Deus! Ele é o escritor Honorato Ribeiro!” Eu olhei rápido, pois a porta já estava aberta e o Dr Maico apareceu e estendendo a mão para mim, com aquele sorriso contente, e eu dei a mão a ele e sentei na cadeira e começamos a conversar. Mas, quando eu saí do consultório do Dr Maico, não vi mais aquela jovem que ficou surpresa de me ver. Lembrei-me de um fato interessante, quando eu fui cantar, pela primeira vez na Rádio Guarany de Belo Horizonte. Antes de eu ser chamado pelo locutor, eu sentei perto de uma mulher simpática, mas não sabia quem era ela. Depois que eu desci do palco, ela me deu os parabéns e disse-me: O senhor canta bem e tem uma linda voz. Irá tirar a melhor nota. Verdade, era a nota mais alta que o cantor ganhava; “Nota cinco”. E eu ganhei pelos jurados a nota cinco. E ela me disse: O outro tirou a mesma nota sua, porque ele é funcionário desta Radio. Depois ela saiu e um jovem chegou perto de mim e me disse: Sr Honorato, aquela mulher que estava aqui sentada ao seu lado, e o senhor conversando como ela, é a famosa cantora Nora Ney. Eu suspirei fundo e disse-lhe: Não me diga!? Ela entrou no camarim e eu fui para encontrá-la, mas não a encontrei mais. Precisamos navegar e não podemos parar de navegar! “Não nascemos pronto”.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 09/11/2018
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