NAZARENO; EXEMPLO DE EDUCADOR
(DISCÍPULOS DE EMAÚS)
Educador: Pessoa normal, que tem uma história, uma cultura, o modo mais correto de ver as coisas. Educar é entender as dimensões do ser humano. E o educador está sujeito a uma nova ação, que criará uma agitação realmente modificadora, na descoberta do que é o ser humano; sua essência como ser responsável por seus atos; não o ser humano resultado de seus conflitos, mas o ser que existe por trás destes conflitos. Assim sendo, educador é mais amplo do que simplesmente um professor. E educando é mais vasto do que simplesmente aluno. Aliás, aluno vem do latin, sem luz. Aquele que não brilha. E sabemos que todos os educandos brilham. Nesse prisma que vejo o educador Galileu trabalhar os seus educandos.
A passagem dos discípulos de Emaús é um reflexo do seu método didático. Lc 22,16-19.29-33. 16 Enquanto conversavam e discutiam o próprio Jesus se aproximou e pôs-se a acompanhá-los. O educador que vai ao encontro dos seus educandos, coloca-se junto deles. Caminha com eles, anda pelos mesmos caminhos que eles, e aparentemente vai para o mesmo norte que eles. ... 17 Perguntou-lhes então: Que conversa é essa que tendes entre vós pelo caminho? O educador que interessa pelo que os educandos discutem, procura interagir com eles para saber o que eles sabem e conhecer o que eles conhecem. Infiltra-se em seus desejos e angustias.
“18 Tomando a palavra um deles, de nome Cléofas, respondeu: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que ainda não sabe o que aconteceu lá nestes dias?”19 Ele perguntou: “O que foi?”
O educador que deixa o educando expressar seus sentimentos, suas dores e sua sede de saber mais. O educador que faz perguntas, e espera o educando, do seu jeito, responder.
Depois que os discípulos de Emaús narram as coisas acontecidas em Jerusalém, o educador Galileu toma as rédeas da sua sala de aula. “27 E, começando por Moisés e por todos os Profetas, foi explicando tudo que a ele se referia em todas as Escrituras. A segurança do educador diante de seus educandos, mostrando a realidade do mundo como está e como deveria ser. Provoca a estranheza dos educandos sobre o mundo em que eles vivem.
28 Quando se aproximaram do povoado para onde iam, Jesus fez menção de seguir adiante. 29 Mas eles o obrigaram a parar: “Fica conosco, pois é tarde e o dia já está terminando”. Ele entrou para ficar com eles. Os educandos que não querem que o educador pare de educar. O educador que educa de fato, cativa, cria laços, constitui cidadãos unidos, desejosos de serem esclarecidos. O educador que ao receber a proposta para ficar, aceita e fica com seus educandos, não tem preguiça de pesquisar e aprofundar cada vez mais, pois cativou os seus educandos, tornou-se responsável pela sedução.
30 E aconteceu que, enquanto estava com eles à mesa, tomou o pão, rezou a bênção, partiu-o e lhes deu. 31 Então abriram-se os olhos deles e o reconheceram...”.O educador que senta com seus educandos, que mostra que é necessário haver uma trituração para que o novo aconteça. Ser um estranho diante da realidade opressora do mundo é também um desgastar-se, mas que a recompensa é maior do que todos os anseios, o educador que partilha com eles sua vida, seu trajeto histórico e seus sonhos. Que mostra uma realidade nova que todos esperam. É a dinâmica da sala de aula e da trajetória dos educandos que vão se aclimatando com o educador, vão tirando as arestas e ganhando um senso crítico sobre tudo.
32 Disseram então um para o outro: Não nos ardia o coração quando pelo caminho nos falava e explicava as Escrituras? O educador que leva dos seus educandos as lamúrias, tristezas, desânimos, problemas familiares, e leva alegrias, esperança, sonhos, coragem, encantos e senso crítico...
33 Na mesma hora se levantaram e voltaram para Jerusalém. O educador que encoraja os seus educandos para saírem correndo, para contar a outros, mesmo na buliçosa escuridão do mundo em que eles vivem, surge uma boa notícia do mundo novo que há de vir. Esse mundo que acontecerá através das atitudes educadas daqueles que acreditam na vida, na esperança, na coragem e no amor em abundância.
Eles também começaram a contar o que tinha acontecido no caminho e como o reconheceram ao partir o pão O educador de fato, leva seus educandos a uma realidade nova, extremamente humana. Uma educação com esse gabarito, faz dos educandos eternos aprendizes do amor, da justiça e da paz.
Professor professa aquilo que ele acredita ou usa para sua estruturação de vida, informa os seus alunos daquilo que ele conhece. O aluno por sua vez, tábula raza, sem luz, vai sendo iluminado pelas informações que lhes são passadas.
Educador é sinônimo de formador. Esse educa, forma, dá estrutura humana aos formandos ou educandos, que por sua vez, trazem suas experiências de vida para dentro da sala de aula e rega o educador de mais experiências. Alí há uma partilha de conhecimentos e experiências, e juntos vão são formados, educados e humanizados. Agora, quando o professor é também um educador, o aluno deixa automaticamente de ser aluno e passa a ser um formando e educando no caminho da humanização.
E isso aí!
Acácio Nunes