ROSINHA
ROSINHA.
OSNI de assis e SILVA
Uma é a Patroa. A outra, doméstica de confiança. Chega sempre na hora certa, sete horas e dá o sinal. A tosse, tosse de cigarro. Já dissemos para ela parar de fumar. É jogar conversa fora. Ouve, mas não atende. Não sei porque? Se deixar, a Patroa reclama diariamente. A Rosinha não fez isso, deixou de fazer aquilo, só pensa em fumar. - Se você deixar o maço de cigarros por aí, ela o esvazia. Não deixe ela saber que você tem uns trocados; vai pedir emprestado e não terá retorno. Ontem ela deixou aquelas vasilhas mal lavadas, é uma correria!
- É a diversão dela, respondeu a filha. Esse negócio de implicar sempre com a Rosinha é um passatempo. Você sabe, a idade...
- Acho que sim, respondi. E isso é bom.
Ouço alguém tossindo no corredor. É ela, só pode ser. Sempre anuncia sua chegada tossindo.
- Bom dia.
- Sim, ótimo dia, Rosinha.
- Rosinha, você ontem não varreu debaixo da cama. Hoje você passa a roupa, depois de arrumar a cozinha. Ah! E lave o terreiro. Esse pó preto é horrível. Duas vezes por semana jogue água.
- Pode deixar, respondi. Eu lavo. Estou disponível e é uma distração. Fui lavar e, diga-se de passagem, bem lavado. Ficou limpinho.
- Voltei para o quarto, procurei o maço de cigarros. Tinha três. Tinha. A Rosinha já mandou fumaça pro alto, sem dúvida foi ela. Já tinham me avisado.
- Rosinha, você viu meu maço de cigarros? Perguntei.
- Sim, tinha um cigarro e achei que você não fosse usá-lo. Pitei.
- Estranha matemática: três menos um dá dois, pensei. Só se ela fumou os três de uma vez só.
Ou, quem sabe, três para ela é um...