PROCURANDO DEUS
“E o homem, em seu orgulho e arrogância, criou Deus, a sua imagem e semelhança.”
“Seria o homem um erro de deus ou deus um erro do homem?”
Com esse aforismo de friedrich Nietzsche, inicio esta cronica, que leva como título
“ PROCURANDO DEUS”
Estou com 76 anos, e nesta idade, temos a mais absoluta certeza de que a nossa passagem para a vida eterna é iminente. Isso me leva a reflexão sobre aquelas perguntas, que o homem tem feito através dos tempos, sem que até hoje tenha tido uma resposta cabal:
“ quem sou, de onde vim, para onde vou, o que existe após a morte, existe um Deus?
A história do pensamento humano, nos da conta, que todas as civilizações, por mais insignificantes que tenham sido, todas sem exceção, acreditaram num ou mais seres supremos, criadores de todas as coisas.
Os egípcios por mais de 5000 anos, acreditaram em inúmeros desuse, sendo os principais: Osiris casado com sua irmã Isis. Eles tinham um irmão, Set Deus do caos, das guerras e da escuridão. Tiveram um filho a quem chamaram de Horus. Conta à lenda que Set matou Osíris para usurpar- lhe o trono. Mas, teve de enfrentar Horus. Set e Horus travaram uma luta incessante. Quando Horus vencia Set, raiava o dia, quando Set vencia Horus, cai a noite. Assim os egípcios explicavam a alternância entre os dias e as noites.
Acreditavam os egípcios, que quando morria, seu coração era pesado e tinha de pesar menos que uma pena de ganso. O morto tinha ainda de passar por 42 portais, e, em cada um deles, deveria responder uma pergunta com uma negação, por exemplo: Eu não matei seres humanos, Eu não forniquei com a mulher do meu semelhante.Qualquer pergunta que fosse respondida com afirmação, Anub devorava o coração e ele vagaria eternamente pela escuridão, mas, se considerado limpo e puro, iria para o reino de Osiris, e lá, ficaria por toda a eternidade.
Os gregos, por séculos e séculos, acreditaram nos deuses do Olimpo. O deus Apolo, sem duvida alguma foi o mais importante. Filho de Zeus com a titan Latona, durante a gestação, Hera mulher de Zeus, mandou uma grande serpente píton matar Latona.( lá já havia o adultério),mas Zeus para proteger Latona a enviou a uma ilha no mar egeu, inacessível à serpente, lá nasceram os gêmeos Apolo e Diana. Apolo quando tinha quatro anos, sabendo que grande serpente piton ainda perseguia sua mãe, a procurou e a encontro em Delfos e a matou com três flechadas, o corpo da serpente foi jogado em uma fenda profunda. Local onde os Gregos erigiram o templo de Apolo, que era dirigido por sacerdotes e pelas pitonisas, que eram mulheres castas, que, sentadas em um banco de três pernas, colocado sobre a fenda, onde fora jogado a imensa serpente, inebriadas pelos odores e miasmas, que saiam da fenda, em transe, se comunicavam com Apolo. Qualquer um que quisesse consultar Apolo, o fazia através das pitonisas, mas antes, teria de pagar tributo em ouro, prata ou pedras preciosas. Apolo entrou em descrédito, quando o grade Rei Xerxes,da percia, atacou a Grécia. E, ao passar por Delfos, saqueou, matou os sacerdotes e as pitonisas, incendiou o templo e não deixou pedras sobre pedra. O grande Deus Apolo nada fez.
Os nórdicos tinham como deuses Odin, Thor e Loki, entre outros a quem ofereciam sacrifícios de animais e também de humanos.
Na Indias, por milênios e, ainda persiste, acreditavam e acreditam em uma trindade, sendo:
- Brahma
Deus criador do Universo. É o primeiro deus da trindade do hinduísmo.
- Xiva
Deus destruidor, que destrói para criar algo novo. É o criador. É também conhecido como o deus "transformador".
- Vixnu
Deus responsável pela manutenção do Universo.
Podemos citar ainda, os Astecas e os Incas. Todas essas religiões, hoje mortas pelo tempo e pela tecnologia
• Mas examinemos agora as crenças que ainda permanecem vivas:
• Um quinto da população do mundo, mais de 2 bilhões é cristã. Acreditam em um Deus humanado, criador do céu e da terra, por sinal muito extravagante, pois criou as nebulosas, mais de 200.000.000 de galáxias, para colocar num micro planeta, o homem construído a partir de um pedaço de barro.
• Temos ainda os muçulmanos com mais um quinto da população do mundo, acreditam que Alá seja o único, eterno, criador e soberano, que através do profeta Maomé, escreveu o alcorão, livro sagrado para os muçulmanos;
• Outro quinto representados pelos Indianos. Temos ainda Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec. Temos o Budismo, criado por Sidarta Gautama, que é uma filosofia ou religião não teísta. Temos o Taoísmo na China, entre outras.
Para um velho, como eu, preste a passar para o oriente eterno, qual deus acreditar, diante de tantas possibilidades, em que verdade devo acreditar?
Eu sei que você que que esta lendo,neste momento, deve estar pensando: - O Roberto Carlos é ateu! Ledo engano, se o fosse não estaria escrevendo este texto, para investigar a verdade.
Mas, então, Roberto Carlos, qual foi o resultado da sua investigação da verdade?
Empreendi uma busca incessante, e finalmente, encontrei um deus crível e foi através de Albert Einstein.
Quando perguntaram se ele acreditava em deus. Ele respondeu – Acredito em deus segundo Baruch Espinosa.
Mas, que foi Baruch Espinosa?
Baruch de Espinosa Filho de judeus portugueses, que foram expulsos de Portugal, pela inquisição. E, foram se integrar a uma comunidade judaica em Amsterdan na Holanda, onde nasceu Baruc Espinosa.
Aos 14 anos Baruc Espinosa, havia estudado toda a Bíblia e a Tora. Falava sobre a Bíblia como nenhum outro. Era a promessa de que seria um mega rabino.
Mas, quanto tinha 20 anos, ele começou criticar a bíblia, ele dizia que Deus não poderia ser como estava na Bíblia.
Acreditava que Deus não poderia condenar seus filhos a passar a eternidade sob as chamas do inferno, por pecados cometidos nesta vida tão diminuta e insignificante, comparada com a eternidade.
Apontava contradições e falhas, nos textos sagrados, como e em Genesis, após o sétimo dia, Deus criou o homem a partir de um monte de barro e deu-lhe um sopro de vida, e chamou-o de adão, feito da terra. Mas logo verificou que Adão não podia ficar só e resolveu dar-lhe uma companheira, feita a partir de uma costela de Adão. Perguntava ele, porque não construiu a Mulher do barro, como Adão, teve de criá-la a partir de uma parte de Adão para que ele fosse eternamente dependente do homem. Uma atitude machista. Deus colocou neles o extinto natural da procriação, extinto esse irresistível como é em todos os animais, mas disse, que eles não poderiam sucumbir aos arroubos da carne. É claro, que a estória do fruto proibido é uma estória pueril, que nem as crianças acreditam. Após a copula de Adão e Eva, Deus, irado, expulsa-os do paraíso, ora Deus irado, não pode ser Deus. Expulsar aquelas duas crianças, por algo que ele mesmo colocou neles. E, amaldiçoou-os condenando-os ao trabalho. E, assim, ele apontava as inúmeras falhas da Bíblia.
Os Judeus, não podiam compactuar com tais heresias, chamaram-no as falas, Se ele deixasse de criticar a Bíblia e seguisse seus preceitos, aceitando tudo o que está na Bíblia, ele seria nomeado rabino, todas as necessidades dele e de sua prole seriam custeadas pela comunidade. Baruc Espinosa não aceitou e continuou a criticar a Bíblia.
Espinosa foi excomungado. E, no termo de excomunhão, constava que nenhum judeu, poderia comprar ou vender para ele, aproximar-se dele a menos de 4 côvados, falar-lhe ou ouvi-lo.
Seu pai o deserdou e expulsou-o de casa.
Depois da excomunhão, Spinoza parte para Leyden e depois se fixa em Haia, trabalhando aí como polidor de lentes. Passando a escrever suas obras filosóficas. Sua maior obra foi Ética.Este clássico foi publicado postumamente, pois o filósofo procurava evitar novas perseguições.
Em Ética ele expôs genialmente a inteligência divina, procurando demonstrar que o espírito e a matéria seriam apenas algumas qualidades de Deus, entre tantas outras. Atualmente seus postulados ainda inspiram diversos filósofos.
Baruch Spinoza partiu aos quarenta e quatro anos, no dia 21 de fevereiro de 1677, em consequência de uma pneumoconiose na cidade de Haia, onde ele vivia.
Agradeço a paciência com que leram o meu texto e convido-os a continuar lendo:
Deus segundo Espinosa
DEUS SEGUNDO SPINOZA
“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre.
Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o houvesse.
Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.
Baruch Spinoza.