Que venham meus 61 anos!
Na próxima 3a. feira, 13/11, farei 61 anos. É tempo bem razoável de estrada. Imagino que tenho ainda pela frente uns 25 anos de vida útil. Essa perspectiva anima e assusta ao mesmo tempo. Anima porque escancara possibilidades de coisas a fazer, pensar, planejar, construir que poderão preencher, com louvor, o período que disponho. Assusta porque a morte se aproxima e por vezes ela arma surpresas que fogem do roteiro inicial. A morte é curiosa. Esse ponto final inevitável pode acontecer agora mesmo, nessa madrugada em que elaboro esses escritos. Pode fazer o coração travar, alguma veia do cérebro estourar ou certo órgão vital simplesmente se cansar de me servir. Enquanto ela não aparece, vou tocando a vida. Meus filhos, agora com 19 e 22, estão se preparando pra vida solo. Minha mulher, santa companheira de todos os dias, não merece a viuvez precoce. Espero que minhas sinapses continuem em atividade, não entrando em parafuso pra me fazer falar e escrever só besteiras. Espero que meus ossos aguentem o tranco de ser envelhecente e não me deixem na mão. Espero que Deus, que sempre mantive numa certa distância técnica, continue se aproximando de mim como tem feito regularmente, para que eu possa perceber tudo e todos com olhar menos frio e mais divino. Acho que quando a gente vai ficando mais velho, a concepção de Deus como dono do show deixa de ser figura de retórica e passa a representar um papel mais tangível. Isso humaniza nosso coração e nos faz brotar sentimentos mais bacanas, como compaixão, solidariedade, irmandade, perdão, que outrora estavam banidos do nosso arsenal de ser. Me sinto preparado pra encarar os 61 anos de cabeça erguida e profundamente emocionado por ter chegado até aqui, vivo e com muita saúde, física e mental. Vamo que vamo! Mazel Tov!