AUTOMÓVEIS = CARROS DE BOI
AUTOMÓVEIS = CARROS DE BOI
OSNI de assis e SILVA
“Olhar com os olhos e lamber com a testa”, ditado muito antigo e muito usado, quando uma estupenda garota, outro bem qualquer, valioso, são inacessíveis às nossas posses.
Hoje a lembrança foi fundo recordar esse dito popular quando vi a abertura do Salão do Automóvel no parque do Anhembi, em São Paulo.
Tantos e tão belos modelos ultra modernos, superinteressantes e de preços estratosféricos. Mas o que realmente me “fez lamber a testa” foi um carro esporte, que além dos recursos tecnológicos, possui um sistema para acesso diferente: em vez das portas tradicionais ele se abre totalmente, por uma lateral!
Aí outro dito popular me acudiu em socorro, como consolo comparativo (?). Aquele, “quando as luvas estão muito altas e difíceis de serem alcançadas pela raposa, e sendo raposo, também...”, fui buscar no velho carro de boi do meu saudoso pai, a comparação. Vejamos: os fueiros, muito bem alinhados, eram os cintos de segurança. O assento anatômico, os chedeiro lisinho, alisado de bunda. Os “cavalos” de força eram os bois, e só dois, “Brinquinho e Brioso” – com força sincronizada eram muito mais possantes.
O som estéreo eram os chiados ritmados dos cocões muito bem justos ao eixo; a porta lateral, a “tal” era a bonita esteira muito bem traçada de bambus, e que arriada deixava um tufo de ar cheiroso, não condicionado, circular por todas as bandas.
Essa máquina, tão possante e tão velha quanto o tempo, não carecia de rodovia essencial e quilometragem controlada; ligávamos o controle automático, quero dizer, recolhia-se as varas de ferrão e, deixava que os bois fossem indo, soltos e livres, puxando o carro, de rodas ferradas, (radial) abrindo longos e fundos trilhos fazendo trescalar vaporo cheiro de terra e de mato, no atravessar matinhas e cavas, úmidas constantes!
Eta viajinha lerda sem pensar e danisca de boa!