NOS INTERESSA A VIDA DOS OUTROS POR QUÊ?

Esse é o princípio, pouco ou nada observado, nada temos com a vida dos outros, mas as pessoas insistem em criticar, comentar, e mais drástico ainda, tentar interferir na vida dos outros, o que é péssimo. Cada um viva como quiser, o que é bom para um é mau para outro, o que é bem para alguém é mal para outro.

Importante é que a cabeça dos outros é lugar pequeno para ser palco de nossa felicidade, para a realização de nós mesmos. Quem tem vida interior não precisa de mais nada. Tem uns que precisam de muito, outros de pouco, e pouquíssimos só deles mesmos, pois têm uma fortuna guardada no seu cômodo maior, o coração. É que ele faz da memória seu maior espaço, das felicidades vividas, é como um tabernáculo onde está o Corpo de Cristo, só ele conhece a dimensão armazenada, está disponível somente para sua alma.

“Educar um animal que pode fazer promessas , não é a tarefa paradoxal que a natureza se impôs em relação ao homem?”, diz Nietzche.

Ninguém inverte uma maneira filosófica do que seria uma indevida invasão, de falar da vida dos outros (das nossas), assim perguntando: por qual razão “os outros” só pensam em serem vistos, “invejados”, terem mais “isso ou aquilo” e melhor que o dos “outros”, roupas de grife, carros melhores, morar bem, etc, etc?

Essa preocupação com os outros é via de duas mãos. Se os outros não pretendessem ter “visibilidade”, tudo fazerem pensando nos “outros”, exibirem-se, ninguém estaria mergulhado nessa “panela” social que mexe para os dois lados. Este espaço é foco dessa sinalização. As pessoas se movem neste “ir e vir” de interlocução lúdica. É um palco, um laboratório antropológico, como a seguinte indagação: Quantos pendurados em "carnês" sacrificando necessidades para serem vistos?

Se sou comentado e falado é porque quero ser, ocorre que pode ser para negativar ou acolher segundo a ótica de quem me “julga”. E há quem se preocupe com o que os outros comentam e se comentam. Engraçado!!! Escrevem para quê? Mesmo por distração estão em cena, são lidos, mais ou menos, e comentados ou não. Uns convidam, até com certa insistência, para serem comentados. Outros se intimidam em comentar e assim confessam. Surpreendente. Alguns interpretam mal, grande parte, uma debilidade exegética flagrante, costumeira até de quem seria mais informado. Qual nada, pura limitação, acham que é agressão a pura franqueza do comentário, depois se surpreendem e se redimem. Mas são sempre pessoas difíceis,nem percebem, ou são vitimizadas por elas mesmas, os problemáticos, e outros dizem,confessam, e se diminuem constantemente, por vezes muito, demasiadamente, carentes, outros ainda se acham alguma coisa por causa de meia dúzia que aplaudem infantilidades, historietas do dia a dia. Cada um no seu universo. Imagina se fossem alguma coisa na vida, quem aguentaria essas pessoas. Pura limitação gigante, falta latitude e longitude em “ser gente”, mas a compreensão mais alargada deve entender.

Quem quer ser feio, pobre em recursos, sem realizar desejos normais na vida profissional, insuficiente em inteligência, pouco informado quando pensa ser, sem nada possuir que enfeite sua personalidade a não ser para uma reduzida claque e família, quando muito, mal posicionado socialmente? Mas o que o destino nos reserva tem que ser construído com possibilidade de ser feliz, A VIDA É SAGRADA, O MAIOR BEM.

Todos buscam o belo, a riqueza, o reconhecimento, a fama, serem célebres. Engraçado, mas é assim.

Daí termos esse caldeirão sempre efervescente. A língua freia o “cavalo” como ensina São Tiago, preciosamente, em sua “Carta” famosa. E coloca freios no pesado corpo, dá a direção.

Chama-se cabotinismo pretender que se fale de si, atrair a atenção. Cabotino, um presunçoso, vaidoso, que se comporta afetadamente e tenta atrair para si as atenções. Mas ninguém consegue se desviar de seu modo de agir, de seus rumos, principalmente em sua escrita, há um estilo do qual não escapa, rico, pobre, iletrado, imaginoso, fértil ou apoucado. Disso ressaem os traços de personalidade.

O pior, e sem poder, pois falta tudo, é querer ensinar aos outros como devem se conduzir no geral. São os professores que conhecem tanto de didática como de descascar banana, nunca deram aula ou sabem o que seja um mestre. Um mestre ensina por caminhos sutis não querendo subir no pódio da cátedra que ocupa. Será que sabem o que é pedagogia?

Os cabotinos se vestem com as roupagens que pensam agradar aos “outros”, e esses outros se atendem ao apelo, querem retribuição e, mais importante, não podem ser verdadeiros, pois a verdade incomoda muitas vezes, precisam acionar a vertente do encômio falso, da manifestação assentada na invectiva, mas basta agradar.

Se os outros estão preocupados com nossa vida é por estarmos carentes de suas opiniões. Pobreza de espírito, já mostrava Cristo no Sermão da Montanha.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/11/2018
Reeditado em 08/11/2018
Código do texto: T6497591
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