Ainda ontem era apenas uma menina. Brincava de boneca e pulava amarelinha... chegava ao céu ... e, de repente, pela ação do tempo e dos hormônios, foi se tornando mocinha. Teve a primeira menarca e ficou apavorada, pois acreditava ter se cortado, embora sua mãe tentasse em vão lhe explicar as hordas da biologia. Naquele tempo, ainda não havia os práticos absorventes, pois usava-se umas toalhinhas de algodão fofo e branco,depois tinha que lavar com alvejante e muito esfregaço.
Colocava-se roupa para quarar, principalmente as brancas. Lembro-me que como o uniforme da mãe era branco, acreditava que era uma tortura, pois a menor sujeira que houvesse, saltava aos olhos e gritava em coro de gralhas, sobre o perigo da infecção. Ser uma mocinha requeria especial recato, atenção e asseio. Era o mesmo desafio de vestir branco e permanecer limpa.
 Mas, era sempre moleca, saltitante e meio suja pelas peripécias da infância. Tinha enfim que assumir diferente comportamento, vergar contidas vestes e, ter  ainda, certa elegância ao andar, ao falar, enfim, ao existir... Tudo muito complexo e pouco prático.
Recordo-me agora sobre primeiro sapato alto, sentia-me uma girafa, com longo pescoço exposto e balouçante... e, ficava treinando como andar com naturalidade e, alguma psicomotricidade. Hoje, quando vejo as moças contemporâneas, sinto inveja, tão despojadas, tão livres e até fantasiadas, expondo suas madeixas azuis ou rosas. Afinal, a mocidade conhece a primavera de todas as cores e o verão das paixões.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/11/2018
Reeditado em 22/02/2019
Código do texto: T6496813
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