O RUBI DO NIBELUNGO (“O GRITO”)

O RUBI DO NIBELUNGO (“O GRITO”)

“Não destrua o que você não fez.”

(Sólon — 638-558 a. C.)

O PROJETO DE escritor, eu, Decio One (nome literário) frequentava a União Brasileira de Escritores há três décadas, aproximadamente. — UNIÃO quer dizer harmonia, concórdia, convivência. — BRASILEIRA quer dizer brasílica, canarinha. — DE ESCRITORES reporta-se a todo tipo de oportunista que desejava um lugarzinho numa poltrona de uma das muitas Academias Brasileiras de Letras.

CERTA NOITE OS presentes no salão de beija-mãos da UBE (nunca fui chegado a esse ridículo e desprezível ritual, apesar de frequentar esse ambiente) então presidida por uma personagem sempre cercada de convizinhos afeitos à antiga prática lusófona de excessos de reverências, o Claudivil, seu presidente. Ele fez o convite para a participação dos presentes à uma vernissage de um pintor (filho, sobrinho ou neto, não lembro bem) de uma autoridade política.

A VERNISSAGE NO salão de exposições do Banespa, andar térreo, cheia dos comes e bebes e de gente “chique paca”. Na exposição de pintura pululavam poetas de quitanda, visionários de tavernas, revolucionários de botecos, adamados e periquitas da esquerda caviar. O pintorzinho tipo franzino e muito, muito nervosinho, circulava apressadamente no ambiente sempre acompanhado do que me pareceu ser uma assistente psiquiátrica.

O PINTOR, TIPO baixinho, não parava de mexer as mãos e de olhar para os lados, desconfiado, como se estivesse à espera de ser abordado por alguma pessoa com quem não gostaria de um encontro. Talvez se achasse em crise de identidade e fosse, quem sabe, usuário de drogas e estivesse sob efeito de uma crise de abstinência.

CHEIO DOS TÍTULOS acadêmicos, Claudivil, voz sistematicamente introvertida, como quem sofre de prisão de ventre verbal crônica, estava a fazer sala entre amigos de conversas fiadas, muito reverenciosos todos eles. Afinal o pintor era neto ou filho de uma futura autoridade que estaria em breve na condição de presidente da República.

AS PESSOAS DO grupo próximo do qual eu fazia parte, comentavam sobre isso e aquilo, mas nunca sobre o artista do pincel que aparentava comportamento esquizofrênico. Parecia estar em plena crise de desagregação mental. Nada contra. Afinal artistas de sensibilidade e inteligência criativa saem do padrão comportamental dos “normais”.

O RAPAZ CHEGOU próximo a mim, como quem quer uma aproximação de interesse excêntrico. Talvez mera curiosidade. Afinal, eu havia ganho vários prêmios nessa instituição: premiações de poesias e de participação em concursos de outros gêneros literários. Possivelmente ele tinha conhecimento disso.

— OLÁ, TUDO BEM ??? Não me lembro ao certo quais palavras foram ditas. Respondi — “Oi, essas suas pinturas são boas reproduções de pintores do surrealismo, impressionismo, ao estilo das telas de artistas dos movimentos estéticos da virada do século. Principalmente surrealismo”. Assemelham-se à cópias xerográficas.

ELE MEXIA, REMEXIA, tirava e botava nos dedos da mão direita um anel com uma pedra desgastada que parecia um rubi postiço, cheio de marcas, linhas, riscas. O pintor pareceu não gostar de minha tonalidade de voz que possivelmente lhe pareceu um juízo de valor à sua falta de personalidade artística e criatividade pessoal. Em verdade eu estava dizendo que suas obras ele não tinham nenhuma mínima noção de originalidade.

CERTAMENTE NÃO AGRADEI. Afinal, eu estava no ambiente em que ele devia, talvez, querer ser elogiado, ouvir dos presentes a proclamação de seu talento pictórico. Afinal, eu não estava ali para afagar o ego de quem quer que fosse. Uma palavra de verdade sempre será bem ouvida por quem não seja excessivamente vaidoso (tal a fama de seu pai, tio ou avô).

“FULANO DE TAL vaidoso” é como chamam seu parente paterno. Este, ex-presidente da República, é conhecido em meio às mídias por ser um sujeito esnobe, frívolo, arrogante. Seu neto, filho ou sobrinho afastou-se de mim num rompante, tão rápido quanto se aproximou. Sem sequer uma saudação tipo “prazer em conhece-lo”.

LOGO ACERCOU-SE DELE a assistente e conselheira que parecia querer acalmá-lo da absurda inquietação que mais parecia um conjunto de sintomas a revelar no gestual de ação e pensamento a expressão de uma sintomatologia variada. Quiçá delírios internos persecutórios, alucinações talvez auditivas e visuais, fragilidade afetiva. Sabe-se lá o que mais. O rubi saltou-lhe dos dedos, pareceu-me propositadamente em minha direção.

SEU OLHAR APAVORADO saltava em minha direção como se quisesse que eu parecesse uma ameaça à sua intimidade e presunção de competência. Possivelmente eu lhe tivesse despertado para o fato de que ele não tinha muita propensão à companhia de talentos artísticos que exigem, para reconhecimento de admiradores e críticos de arte, um mínimo de originalidade em suas produções de suposta arte.

O ANEL DE RUBI tilintou no piso encerado do ambiente do banco como se estivesse pedindo para ser pego e conduzido ao dono. Levantei-me da poltrona onde bebericava uma taça de vinho, agachei frente ao anel que o pintor fingia buscar e, num gesto de sociabilidade urbana estendi a mão aberta em direção ao homenageado da exposição de pintura. Ele olhou apressadamente o conteúdo em minha mão. O rubi se aproximou dele via meu braço esticado em sua direção.

A PSICÓLOGA OU psiquiatra também visualizou meu gesto mas, ambos, fizeram de conta que não viram a argola em minha mão estendida na direção deles. Estranhei o ignorar de ambos. Meu gesto continuou a incitar que o rubi fosse pego de volta ao suposto dono do mesmo.

A VERNISSAGE PASSOU a significar à frente de meu olhar investigativo um evento de ficção ordinária, apesar dos fatos confirmarem a realidade da encenação in loco. O fenômeno mórbido confirmava a cena. Nesse momento três Moiras ou Parcas, na figura de três adolescentes tietes que faziam parte da trupe teatral do suposto artista plástico aproximaram-se do cenário com uma expressão corporal altamente intimidativa.

OS OLHARES CHEIOS de acusação me encaravam como se quisessem me prender à uma culpabilidade inexistente. Provavelmente estavam a me acusar de ter pego o anel do anão Nibelungo. O cenário todo se tornou, para mim, nebuloso. Como se uma neblina de inclinações sádicas partissem de um libelo coletivo articulado no sentido de me impor uma culpa à força de evidências inexistentes.

A TERRA DAS NEBLINAS saída do mundo subterrâneo da psique daquele grupo de idólatras do falso artista estava a revelar a vontade coletiva infectada de afirmação assustadiça. Tentavam se posicionar como sendo pessoas idôneas a flagrarem um delito de gravidade, tentando atribui-lo à minha pessoa não tão indefesa como pensavam.

TENTAVAM IMPOR A humilhação de terem flagrado em mim o culpado pelo desaparecimento do Anel do Nibelungo, artista de araque. Estavam a dramatizar a situação pessoal aflitiva de um falso talento pictórico que tentavam fazer valer como fidedigno artista plástico.

O TRAUMA DE saber que estavam todos naquela sala a prestar homenagem através do evento vernissage, a um filhinho de papai riquinho, imitativo, sem talento criativo... O Nibelungo havia sido desmascarado. A tenebrosa dialética da mentira socializada estava nua pelada. Eles haviam chamado seus monstros interiores a pedir socorro para escapar da vergonha, canalizando-a em direção ao suposto bode expiatório de seu fracassado: EU.

A ESQUIZOFRENIA É uma assombração pânica. O pintor Nibelungo não conseguia unificar e harmonizar a persona dividida que dialogava com seus fantasmas interiores: os pessoais e o coletivo. A mentira comum estava reunida fazendo valer o código ritual mórbido, superlativamente doentio de me fazer de vítima para purgar o sentimento comunitário de irrelevância do homenageado.

BUSCAVAM TRANSFERIR A culpa da mediocridade do ovacionado sem merecimento para mim. Logo eu, que apenas busquei, num gesto de solidariedade, devolver o Anel do Nibelungo ao suposto legítimo dono do mesmo. Por que ele rejeitou a devolução ??? As três pererecas continuavam o ritual de perversão acusativa nos olhos que me fixavam cheios de incriminação.

AS TRÊS PERERECAS sentiam-se talvez honestas no intento coletivo patético de alienar a própria inferioridade moral direcionando-a para mim. Eu compreendia, mas não aceitava a peroração, o transporte de suas iniquidades e culpas em minha direção. Para minha surpresa, diria mesmo estupefação, lá estava outra vez o pintor a procurar freneticamente o rubi. Aproximei-me dele e perguntei:

— VOCÊ ESTÁ A buscar o quê ???

— É, É O MEU ANEL de rubi, gaguejou. Ele sabia que eu havia pego o anel e tentado devolvê-lo. Mas, naquele momento, considerei entrar no jogo da esquizofrenia ambiente e mentir:

— ELE TEM ALGUM valor ??? Perguntei sem nenhum interesse na resposta.

— NAN... NÃO TEM preço, só valor estimativo, respondeu ele.

— E POR QUE VOCÊ o ignorou quando devolvi ??? Olhou na minha mão e não pegou.

— HÃ...? HAN...? É... Que saiba que não sei. Não lembro exatamente o que ele respondeu muito, muito apressadamente, como eram seus gestos e a sua expressão corporal cheia de automatismo frenético, trêmulo, vertiginoso. Não dava para ele esconder a alucinação.

II

POUCO TEMPO DEPOIS, saímos num grupo de três pessoas (eu, o Fulano poeta de bar e botequim (chaleira do presidente Claudivil) e um marchand que também fazia sala nas noites da UBE. Todos rumo à praça da República não muito distante do prédio do Banespa (hoje Farol Santander), edifício Altino Arantes na Rua João Brícola, 24.

O BELTRANO MARCHAND trabalhava na distribuição dos quadros do pintor Nibelungo e respondeu ao poeta Fulano, que havia comentado o comportamento tresloucado do “artista” de forma depreciativa, que preferia não dizer sobre ele porque não falava de pessoas para quem prestava serviços de comercialização de obras. E mais não disse, exceto que ele era assistido 24 horas por dia por enfermeiras pagas pelo tio, ou avô, ou pai dele. Não lembro ao certo o grau de parentesco.

III

MANHÃ SEGUINTE, AO abrir o jornal Folha de São Paulo (hoje mais conhecido por “Foice de São Paulo”) do qual era assinante, folheando as ofertas de emprego, imóveis do setor terciário, visando identificar se minha oferta de serviços “freelancer” em publicidade havia sido publicada, deparei com um anúncio classificado editado em negrito. Ele dizia fazer a avaliação de joias para posterior compra das mesmas.

A ESQUISOFRENIA ATÉ onde sei não contamina quem de esquizofrênicos se aproxima. Estaria eu sob efeito da paranoia do pintor Nibelungo e da culpabilidade imposta pelas suas três tietes pererecas ??? O certo é que pensei se não era apenas coincidência aquele anúncio de avaliação de joias ter algo a ver com minha guarda do Rubi do Nibelungo e posterior recusa em devolvê-lo outra vez.

OU EU SIMPLESMENTE não queria fechar os olhos para todas as possibilidades decorrentes daquele esquisito evento que homenageara, num salão de festas de um grande banco paulistano, um anãozinho que mais parecia um bibelô semovente ridículo, destes que se encontram em jardins suburbanos ??? Afinal eu tinha um compromisso comercial bem próximo ao endereço do avaliador de joias, na Avenida Paulista.

EU HAVIA ROUBADO o Rubi do Nibelungo ??? Não, claro que não !!! Apenas havia recusado a entrar no jogo de faz de conta dele ??? !!! Haveria um desdobramento do fato de eu ter contestada a devolução daquela joia claramente sem valor de comércio ??? A pedra riscada indicava que não haver possibilidade de ser verdadeira.

QUEM SABE O que o avaliador de joias vai me dizer ??? Senti a possibilidade de ver o que poderia estar acontecendo no desdobramento da vernissage no dia seguinte. A crônica social dos jornais prestigiaria o Nibelungo. Certa pressão psicológica fluía e desdobrava-se em minha mente, continuando comigo mesmo depois do triste evento festivo. Teria ela algo a ver com esse anúncio do avaliador de joias, ou seria apenas paranoia ???

CHEGO AO ESCRITÓRIO do perito em avaliação e digo que tenho um anel para saber quanto vale (sei antecipadamente que não vale nada). O sujeito bem vestido, terno e gravata, óculos escuros, vai logo dizendo que para avaliar alguma pedra preciosa, penduricalho, relógio ou joia, eu teria de preencher uma ficha com meu nome, endereço, telefone e assinar uma papel com minha assinatura igual ao do documento de identidade.

EU PODERIA TER simplesmente saído pela porta ou perguntado por que toda essa burocracia para avaliar um simples anel com uma pedra vermelha riscada que, tudo indicava, nada valia. Mas, segui minha intuição e realizei o ritual de preenchimento da ficha com informações pessoais. No Brasil há burocracia para tudo. Acredito que sociedades secretas estejam por trás dessa inútil (útil apenas para o controle mental monarca que exercem sobre a população de brasileiros).

SUBSCREVI COM MINHA mais caprichada assinatura cartorial a ficha que estava sendo posta em minha frente pelo burocrata do mascarado de escritório. O cara mais parecia pertencer à burocracia de um bazar de loja maçônica. Talvez estivesse querendo afirmar minha participação no desaparecimento do Rubi do Nibelungo. Quem sabe ao certo ??? Estaria eu talvez contaminado pela paranoia do “pintor sem autoria” dos quadros que pintava ??? Estaria ele querendo pintar o sete comigo ???

APÓS SUBSCREVER O papel pensei de mim para comigo que mais vale minha história pessoal para mim mesmo, do que a história que é forjada por esses beleguins e capangas de quadrilhas políticas e autoridades jurídicas importantes que visam a dominação mental das pessoas, impondo a elas uma culpabilidade de papel que se torna culpabilidade mesma quando em mãos de criminosos do controle mental monarca da sociedade.

ELES DESTROEM A vida pessoal e social das pessoas nas quais visam exercer comando, comunicação e o controle mental de suas vidas em proveito de estruturas associadas às oligarquias de dominação mental de suas existências, estimulando-as a se direcionarem para a política ou a jurisprudência de conchavos de interesse próprio mafioso.

AS PESSOAS PERDEM, sob essa direção, a liberdade de controlar suas presenças no mundo, quando não seguem o caminho mórbido indicado pelas pressões mentais que passam a estimular e direcionar suas vidas conforme querem esses puxadores de fantoches do mundo real. Eles permanecem invisíveis ao mundo real dos seres ditos humanos, sujeitos às razões e motivações hipnóticas desses demônios por trás dos bastidores da sociedade estuprada em seus corações e em suas mentes.

SAÍ DA SALA do suposto avaliador de joias e controlador mental, sentindo-me perturbado. Buscava nominar o acontecimento patológico o qual não sabia como fazer para sustar a dominação implícita e não continuar sendo vítima dele e de sua gang invisível de controladores mentais de pessoas que, maioria delas, passam a vida toda tentando livrarem-se dessa terrível ameaça às suas intenções pessoais e liberdades individuais.

A INABILIDADE DE fornecer um nome a essa dominação, a esse sintoma de perturbação mental decorrente dessa hegemonia cognitiva do intelecto, intelecto pressionado perversamente (automatismo pessoal sadomasoquista) pelo psiquismo de grupos invisíveis de predominância social inominável, me permitiu gritar o grito daquele personagem das pinturas de Edvard Munch.

“O GRITO” SIMBOLIZA o espelho pessoal da coletividade social andrógina, explorada politicamente e mantida sob comando, comunicação e controle mental por seus algozes reunidos por detrás dos panos e biombos das reuniões secretas. Essas sociedades conseguem o poder pelo poder de dominação política, jurídica, econômica e social globalizada do mundo ocidental e oriental. A NWO exemplifica isso.

O DESESPERO EXISTENCIAL por nada poderem fazer, essas pessoas, para se livrar, pessoal e coletivamente, dessa indignidade vil e revoltante, mereceu do pintor norueguês essa obra de arte que representa o espelho de uma sociedade dominada pela amargura, agonia, aflição e desesperança. Seus algozes são os poderosos políticos assentados nos tronos dos palácios institucionais no exercício do poder pelo poder.

OS BRASILEIROS QUE votaram em Jair Bolsonaro certamente esperam dele uma governança que não se traduza na perfídia demagógica de seus antecessores no Palácio do Planalto Tropicalista sob comando, comunicação e controle do crime organizado fantasiado de República Bolivariana Socialista do Banquete dos Bandidos.

(P. S.: Ao fazer alusão genérica a alguém, ou falar de uma pessoa à qual não queremos nominar, uso as expressões fulano, beltrano e cicrano. Entre outras denominações da língua portuguesa menos usadas, tais como: mengano, zutano, citano, perengano...).

IV

AGORA RESTAVA ULTIMAR o que fazer com o Anel do Nibelungo do qual havia me assenhorado. Eu costumava comprar livros em um sebo de um piauiense situado numa galeria na Rua Augusta próxima ao Espaço Itaú de Cinema. Seu proprietário chamava-se Cosmo, um nome sugestivo. Ele dizia ter herdado terras no interior do Piauí e que resolvera fechar o estabelecimento cujo dono estava cobrando a conclusão do contrato de aluguel.

COSMO, POBRE, FEIO e manco, disse-me que ia voltar para sua terra natal da qual tinha saudades. As criaturas da Criação que habitam no interior do país migram para as grandes cidades em busca de melhorar suas vidas cheias de necessidades. Saem de suas terras natais na esperança de mudar a vida para melhor.

COSMO NÃO DEU sorte com seu comércio de livros. Perguntei se ele se sabia por que chamavam de “sebo” os alfarrábios ou lojas de livros usados. Ele chutou uma resposta dizendo que talvez fosse porque, antes do advento da eletricidade as pessoas liam os livros à luz de velas e os mesmo ficavam “ensebados”, também por excesso de manuseio.

COSMO, USAVA ADEREÇOS decorativos no corpo: colar, anéis, pulseiras. Perguntei se gostaria de ganhar o Anel do Nibelungo de presente. Ele perguntou qual o livro que eu havia escolhido para cambiar pelo anel. Falei que era cortesia de um amigo para que ele lembrasse que São Paulo não era apenas compra e venda. Ele sorriu e agradeceu.

DEPOIS DESSE DIA nunca mais soube do Cosmo. Platão em Timeu especulou as relações entre o Cosmo astrológico e o homem. Ele associou as revoluções do intelecto humano aos movimentos celestes. Esses movimentos, dizia ele, nunca são simplesmente errantes, os homens, segundo ele, podem harmonizá-los, mesmos que eles não cessem de circunvagar dentro de cada um de nós.

V

MINHA MEMÓRIA DE antiguidades sugeriu-me outra associação de ideias que me reportaram a outra frase de Sólon na qual mencionou que, se todos os humanos reunissem suas misérias em um só lugar, a maioria deles decidiria por levar seu quinhão de volta para casa a pegar uma porção, mínima que fosse, do estoque geral.

TALVEZ, NA RODOVIÁRIA, Cosmo, de volta pra casa, tenha sobressaltado os outros retirantes de volta com seu grito.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/11/2018
Reeditado em 24/11/2018
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