A TERRA PROMETIDA-CONFLITOS GERACIONAIS

Os judeus consideram a área que compreende a África e o oriente médio, onde está a palestina, e que anteriormente fora território dos povos amoritas, cananeus e fenícios, a terra prometida por deus ao profeta Abraão. Esta região, a Palestina, sempre foi um palco de conflitos catastróficos marcado por sucessivas invasões desde 535 a.C pelo persa Cícero, o Grande e 331 a.C pelo romano Alexandre, o Grande. Em 1291 a 1571 iniciou-se a ocupação do Império Otomano que posteriormente foi submetido ao mandato britânico até que, por uma acção não convencional, os Estados Unidos, o senhor do mundo, decretou em 1948 o Estado de Israel, estabelecendo a divisão entre palestinos e judaicos.

Ora isso deu início à teia de litígios israelo-palestiniano motivados por reivindicação de direitos sobre os territórios palestinos por parte de Israelenses que, de acordo com a perspectiva de cada um dos povos, exercem direito de possessão milenar sobre a região. Existem, no entanto, outras razões que estão directamente relacionadas à cultura, à imposição de valores ocidentais às tradições orientais, mormente à economia, cujas potências capitalistas instituíram um ardil engenhoso para explorar as áreas de riquezas petrolíferas que lhes são favoráveis. Sabe-se, em verdade, que o processo de extorsão violenta dos direitos básicos do povo palestino e do seu território por parte de Israel é absolutamente inevitável perante a cumplicidade ou indiferença da mal chamada comunidade internacional, que sentada na poltrona com as pernas cruzadas, toma uma xícara de chá à medida que atiça e observa à distância os conflitos que se estendem, tirando, obviamente, benefícios económicos.

Convenhamos que a situação que ocorreu na Faixa de Gaza seja dos mais nefastos crimes de que este povo tem memória, pois que, recordemos, os barcos das nações unidas (unidas?!) carregados de alimentos para acudir àquela conjuntura inóspita dos refugiados que padeciam de fome e sede, fora destruído pelo exército de forças navais israelitas sob o pretexto de que não tinha autorização para atracar nas suas costas. ( e eu, afinal ignorante , julgava que as costas de Gaza eram palestinas!).

À população de Gaza foi imposta uma acção militar indiscriminada e atentatório de todos os direitos humanos básicos, privada dos meios inerentes à vida, desde os alimentos à assistência médica. Nada nem ninguém, sequer organizações internacionais que se julgava velarem pelos direitos humanos, como é o caso da ONU, conseguiram impedir os actos repressivos e criminosos dos sucessivos governos de Israel e das suas forças armadas contra o já cansado povo palestino. Uma ONU incapaz de criar mecanismos e pôr em acção uma política externa coerente e fiel aos princípios éticos.

E logo agora que os palestinos tentavam se erguer das humilhações e atrocidades sofridas eis que, os Estados Unidos, como não podia deixar de ser, na voz do seu irremediável presidente Donald Trump, declara, em hasta pública e articulando as palavras no seu sentido mais lato, Jerusalém como a capital de Israel, uma cidade caracterizada por um forte potencial turístico religioso e considerado um lugar sagrado para várias religiões , incluindo Islamismo e Judaísmo. Imagine-se.

A dada altura, os palestinos devem estar mergulhados em prantos e sussurros lúgubres. Não bastou se apoderarem da terra prometida, agora mais do lugar sagrado, onde todos eles, palestinos e árabes e israelenses, prestam glórias aos seus deuses. Mata-se assim o sonho do povo palestino de retomar à terra dos seus antepassados, onde se preserva toda a sua história, toda a sua manifestação artística e religiosa, toda a esperança de um povo que todos os dias vai juntando parcelas à infinita soma dos seus mortos, ressuscitando-os na pronta resposta dos que continuam vivos, vivíssimos.

Emanuel da Gama
Enviado por Emanuel da Gama em 06/11/2018
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