Vivência de um Defensor Público Federal (atendimento aos venezuelanos)
Hoje eu atendi um novo amigo venezuelano, aqui em Belém. Contou-me que saiu da Venezuela porque não havia comida, quiçá médico, e que lá deixara sua mãe, com câncer, que lho pedira para cá vir - chorou nesse momento.
Me disse que veio em busca de um país que pudesse lhe dar um mínimo de dignidade, porque não é possível se sentir digno sem comer. De todo com a razão.
E mais: aqui encontrou a dignidade que buscava.
Procurou-me porque, em síntese, tinha rasurado e precisava de uma nova via do seu Protocolo de Refúgio, sabem porquê? Porque um brasileiro lhe ofereceu um emprego, que até o momento é um bico (trabalha em uma distribuidora de bebidas e recebe duzentos reais por semana por isso).
O brasileiro tem pressa: quer que ele emita logo a sua CTPS para poder assinar sua carteira.
Ser brasileiro é isso: amor; é indiferente a destinação a quem seja.
Orgulho de ser brasileiro, porque todo o ódio, um dia, inevitavelmente, se curvará ao amor.