FÉ 'DEMAIS' NA POLÍTICA
Fé 'demais' na política
Por mais que as evidências apontem o sentido contrário, que apresentem o rascunho de tempos obscuros, que coloquem na mesa o retorno da fome; apesar das portas da crise anunciada estarem escancaradas para nos receber, ainda tem quem acredite nas palavras e nas explicações do presidente eleito.
Em ciência política estudamos sobre o conhecimento teológico que consiste na aceitação, sem explicações, de alguém que diga ter desvendado um mistério. Isso implica em uma atitude de fé e resignação diante de um conhecimento revelado.
Muitos estão sendo enganados pela religião, que está 'unha e carne' com Jair Bolsonaro e sua equipe de entreguistas. Não é difícil manter essa parte da população crédula diante do fundamento do conhecimento religioso através da fé. Não é preciso ver para acreditar, a crença está acima das evidências.
Em assim sendo, trabalhadores votaram no desemprego, negros votaram no racismo, gays votaram na homofobia, mulheres votaram na misoginia, idosos na não-aposentadoria, jovens na extinção da universidade pública, ou seja, brasileiros votaram contra a soberania e pela volta do Brasil colônia e escravocrata.
Essas 'verdades' são quase definitivas e incontestáveis, não permitem revisões imediatas. Assentam-se como estátuas em templos sagrados e permanecem intactas por um tempo, mas que depois, no derreter da tinta, são desmascaradas e expostas.
Ricardo Mezavila.