A Tardia Sororidade LGBT
Ao se apagar chama da esperança de uma possível virada após a confirmação da inevitável vitória do candidato Jair Bolsonaro à Presidência da República, não tardou para que começasse a circular nas Redes Sociais as mensagens que proclamavam a necessidade de uma união entre a comunidade LGBT para enfrentar os possíveis dias difíceis que se seguiriam para tal grupo diante da ascensão de tamanho inimigo ao poder. Ironicamente, nos anos que seguiram à popularização dos memes através da sua presença massiva nas redes sociais, o que se destacou entre esse público foram temas relacionados à soberba e superioridade de um indivíduo em relação ao outro. Aspectos como virar o rosto jogando o cabelão invisível em um legítimo close de arrasar que sambava na cara das inimigas foram privilegiados. Inimigas essas que, na maioria das vezes, não se tratavam de pessoas com ideias preconceituosas e condutas discriminatórias, mas sim de seus próprios semelhantes que partilhavam do mesmo preconceito sofrido na sociedade. Pouco se buscou trabalhar uma união dentro do próprio segmento, pois o foco estava em combater o agressor externo. Enquanto isso, se autodestruíam internamente. Provavelmente, se a preocupação em promover a sororidade LGBT tivesse sido uma questão discutida desde cedo, talvez o temido e real opressor tivesse menos chances de usar a faixa presidencial contando com os votos, inclusive, daqueles que ele oprimia. E, dessa forma, não precisariam aprender em quatro anos o que não aprenderam ao longo da vida.
02 de Novembro de 2018